11 de janeiro de 2011

O futuro já ocorreu

A passagem do tempo é uma ilusão. O futuro existe agora mesmo. E é tão imutável quanto o passado. É o que mostra a Teoria da Relatividade.
O problema é que nosso cérebro foi programado para encontrar sentido em qualquer coisa, inclusive para a existência. Aí criamos um monte de crenças, como: o Livre-arbítrio, o Destino, o Carma, a Astrologia, as Religiões. 
A Teoria da Relatividade mostra que todos os momentos da existência "acontecem" ao mesmo tempo. Para Einstein a distinção entre passado, presente e futuro é só uma ilusão, ainda que persistente. Einstein explicou que o tempo não é uma coisa etérea, mas um lugar. Uma dimensão por onde a gente caminha sem parar. E que tempo e espaço são basicamente a mesma coisa. O casamento dos dois forma uma paisagem invisível: a do espaço-tempo. 
No mundo de verdade a gente viaja pelo tempo toda hora. Seu próprio corpo é uma máquina do tempo. É como se cruzássemos o tempo num trem invisível a exatamente 1,08 bilhão de km/h, a velocidade da luz. Quanto mais rápidos andarmos, mais lentamente o tempo começa a passar. Mais lentamente vamos envelhecendo. Mais rapidamente vamos viajando para o futuro.
Numa velocidade 1 bilhão de km/h, por exemplo, a velocidade faz o seu tempo dar uma bela freada (é como se a velocidade espaço, retirasse tudo o que fosse possível da velocidade tempo). Só o seu, note bem. O do resto do mundo continua correndo no ritmo de sempre. Você foi ultrapassado pelo tempo. Em outras palavras: viajou para o futuro.
Esse é o paradoxo: você e o resto do mundo estão vivendo o mesmo instante. Um momento que chamamos de "agora". Mesmo assim, o que para eles é futuro é uma coisa que já está gravada na sua memória. Faz parte do seu passado.
Einstein mostrou que distâncias muito grandes também acabam com a ideia de que exista um "agora" igual para todo mundo. E aí vem o ponto crucial. Se dá para dizer que o nosso futuro já aconteceu. Que poder a gente tem para escolher como vai ser o dia de amanhã? Onde vai parar nosso livre-arbítrio?
"Desaparece. O universo de Einstein, o da Teoria da Relatividade, não aceita a liberdade de escolha. O jeito como as nossas vidas se desdobram, do nascimento até a morte, está mesmo escrito. As escolhas que ainda vamos fazer já estão impressas no tecido da realidade. Tão impressas quanto as escolhas que a gente fez no passado" diz o filósofo especializado em física Oliver Pooley, do Centro de Filosofia da Ciência da Universidade Oxford, na Inglaterra.
Não podemos fazer nada pra mudar o destino. Ok. Mas se coisas como o rosto dos seus netos e o dia da sua morte estão "impressas" na natureza desde sempre, seria exagero pensar que, algum dia, a ciência poderia usar a matemática e a física para prever isso e tudo o mais? "Não teria como. Mesmo que cada evento do futuro seja baseado numa fórmula matemática já determinada, não daria para a gente saber quais fórmulas são essas antes que os próprios eventos acontecessem", considera o físico Gerardus Hooft, da Universidade de Utrecht e vencedor do Nobel de física de 1999.
TEMPO X ESPAÇO: É preto no branco: quanto mais rápido você correr, mais lentamente o tempo vai passar. Mas só pra você. Se desse para chegar à velocidade da luz, você pararia o tempo. E toda a história do Universo passaria por você num piscar de olhos! Já quando você está parado é o tempo que corre à velocidade da luz
VELOCIDADE DA LUZ: Nenhum objeto consegue ultrapassar a velocidade da luz, porque quanto mais um objeto é acelerado, mais massa ele ganha. E, antes de a velocidade de um corpo chegar a 1,08 bilhão de km/h (a velocidade da luz), ele já terá mais massa que o Universo inteiro. Isso acontece porque energia e massa estão intimamente ligadas. De acordo com a célebre fórmula do físico alemão Albert Einstein, E=MC2 (onde "E" representa a energia e "M", a massa), se a energia de alguma coisa aumenta, sua massa vai crescer também. O segredo é que, quando um objeto aumenta de velocidade, isso significa justamente que ele ganhou mais energia. Uma das consequências é que o peso também aumenta e torna-se cada vez mais difícil acelerar o corpo. Se algum objeto pudesse chegar à velocidade da luz, sua massa seria infinita. Nessa situação, seria necessária uma força igualmente infinita para acelerar nosso objeto - mas nem o Universo inteiro tem tanta energia. A luz, claro, só alcança sua estonteante velocidade porque não tem massa. Entretanto, para todos os outros objetos do mundo, a massa nunca deixará a rapidez superar esse valor. Quando você chega perto do 1,08 bilhão de km/h, acontece um absurdo lógico: o tempo passa tão lentamente para você que, quando seu relógio tiver marcado um segundo, o fim dos tempos já terá chegado. Quer dizer: não existe tempo disponível no Universo para que você chegue à velocidade da luz.
BEM-VINDO À MATRIX: Pensar que o futuro ainda não aconteceu é uma ilusão. Uma tão persistente quanto a ideia de que o Sol gira em volta da Terra. Tudo, do Big Bang ao fim do Universo, existe ao mesmo tempo. Este é o mundo de verdade.
FONTES:
O futuro já aconteceu (Alexandre Versignassi)
O destino está nas estrelas (José Francisco Botelho e Alexandre Versignassi)
Por que não dá para ir mais rápido que a velocidade da luz? (Rodrigo Rezende)

3 de janeiro de 2011

Saudade

Lembrança suave e distante,
de coisas ou pessoas ausentes.
É como uma canção antiga,
de uma harmonia sentida,
que acalentou nossa vida,
nos seguindo na partida.

De difícil tradução,
e não tão fácil explicação,
causa uma forte emoção,
pela distância e pelo desejo,
de quem há muito não vejo.

Boas lembranças,
é nostalgia,
a vivência em sintonia.

A sensação que sobrou,
daquilo que foi bem feito,
daquilo que era para ser dito,
daquilo que era para ser feito.

Ela surge de mansinho,
e guardada com carinho,
faz bem ao coração.

Recordação que conforta,
da lembrança da querença,
trazendo a paz da presença.

Más lembranças,
é remorso,
a existência em destroço,

A emoção que faltou,
daquilo que foi mal feito,
daquilo que deixou de ser dito,
daquilo que deixou de ser feito.

Ele surge atrevido,
e não sendo consumido,
faz mal na solidão.

Recordação que atormenta,
da lembrança da carência,
causando dor da ausência.

É nostalgia,
dos tempos de meninice,
dos folguedos e traquinices,
dos tempos de estouvice,
das fuzarcas e fanfarrices,
dos tempos de caduquice,
daqueles disse-me-disse.

É gratidão,
por aqueles que partiram,
pelo tempo que luziram,
pelo brilho que emitiram,
pelo tempo que sorriram,
pelo afeto que repartiram,
pelo bem ao qual serviram,
pela seiva que produziram,
pela vida que esculpiram.

É dádiva,
daquele que com carinho sente,
com espera sempre presente,
de um encontro transcendente,
com aquele que seguiu em frente.

No final,
tudo é filosofia,
a esperança em poesia,
encobrindo a essência fria.

Afinal,
a vida não é só alegria,
tem lembrança que judia,
tem tristeza e agonia,
tem meiguice e cortesia,
tem a fé que contagia.