17 de dezembro de 2008

Mar português

O INFANTE
Deus quer, o homem sonha, a obra nasce.
Deus quis que a terra fosse toda uma,
Que o mar unisse, já não separasse.
Sagrou-te, e foste desvendando a espuma,
E a orla branca foi de ilha em continente,
Clareou, correndo, até ao fim do mundo,
E viu-se a terra inteira, de repente,
Surgir, redonda, do azul profundo.
Quem te sagrou criou-te portuguez.
Do mar e nós em ti nos deu sinal.
Cumpriu-se o Mar, e o Império se desfez.
Senhor, falta cumprir-se Portugal!

PADRÃO
O esforço é grande e o homem é pequeno.
Eu, Diogo Cão, navegador, deixei
Este padrão ao pé do areal moreno
E para diante naveguei.
A alma é divina e a obra é imperfeita.
Este padrão sinala ao vento e aos céus
Que, da obra ousada, é minha a parte feita:
O por-fazer é só com Deus.
E ao imenso e possível oceano
Ensinam estas Quinas, que aqui vês,
Que o mar com fim será grego ou romano:
O mar sem fim é português.
E a Cruz ao alto diz que o que me há na alma
E faz a febre em mim de navegar
Só encontrará de Deus na eterna calma
O porto sempre por achar.

MAR PORTUGUÊS
Ó mar salgado, quanto do teu sal
São lágrimas de Portugal!
Por te cruzarmos, quantas mães choraram,
Quantos filhos em vão rezaram!
Quantas noivas ficaram por casar
Para que fosses nosso, ó mar!
Valeu a pena? Tudo vale a pena
Se a alma não é pequena.
Quem quer passar além do Bojador
Tem que passar além da dor.
Deus ao mar o perigo e o abismo deu,
Mas nele é que espelhou o céu.

Fonte: de Fernando Pessoa

Alma minha

Alma minha gentil, que te partiste
Tão cedo desta vida descontente,
Repousa lá no Céu eternamente,
E viva eu cá na terra sempre triste.

Se lá no assento etéreo, onde subiste,
Memória desta vida se consente,
Não te esqueças daquele amor ardente
Que já nos olhos meus tão puro viste.

E se vires que pode merecer-te
Alguma cousa a dor que me ficou
Da mágoa, sem remédio, de perder-te,

Roga a Deus, que teus anos encurtou,
Que tão cedo de cá me leve a ver-te,
Quão cedo de meus olhos te levou.

Fonte: de Luís Vaz de Camões

15 de dezembro de 2008

Brasão dos coutinho

COUTINHO. É uma das mais antigas e ilustres famílias de Portugal, que atingiu grande brilho pelas suas valorosa ações e alianças que teve com membros da Casa Real. Parece provir esta linhagem de D. Garcia Rodrigues da Fonseca, que esteve na conquista de Lamego com seu irmão D. Paio Rodrigues, de quem descendem os Fonsecas. D. Garcia Rodrigues da Fonseca foi casado com D. Dornia Ramires, filha de D. Pinhão Rausendo, possui a honra de Fonseca e o couto de Leomil e teve por filho D. Egas Garcia da Fonseca, senhor do mesmo couto, que recebeu com D. Mor Pais de Curveira, filha de D. Paio Pires Romeu e de D. Goda Soares da Maia.

Destes nasceram vários filhos e entre eles D. Vicente Viegas Coutinho, senhor do couto de Leomil, que por ser de pequena extensão chamavam coutinho, de cuja designação tomou o apelido, e, casando com D. Sancha, foi pai de Martim Vicente Coutinho, que teve o mesmo senhorio. Seu filho Estevão Martins Coutinho, senhor do couto Leomil, recebeu-se com D. Teresa ou Urraca Rodrigues da Fonseca, filha de Rui Mendes da Fonseca e de sua mulher, D. Teresa Anes, de que deixou geração.

Desta descendência uns filhos seguiram o apelido de Fonseca e outro, Fernão Martins da Fonseca ou Coutinho, pois ambos os apelidos ao mesmo tempo lhe dão os genealogistas, o que se não coaduna com o uso da época, foi progenitor dos Coutinhos. Fernão Martins, bom cavaleiro, como diz o Conde D. Pedro, e rico-home de D. Fernando possui o couto de Leomil e casou-se com D. Teresa Pires Varela, filha de Pedro Miguéis, conhecido por Pêro Palha, natural de Santiago, e de sua mulher D. Urraca Fernandes, de quem nasceu Vasco Fernandes Coutinho, cujos descendentes seguiram o apelido de Coutinho.

D. Leonor Coutinho, filha de Vasco Fernandes Coutinho e de sua mulher Brites Gonçalves de Moura, recebeu-se com D. Fernando, senhor de Bragança, filho bastardo do Infante D. João, que o era de D. Pedro I e de D. Inês de Castro. D. João Coutinho, filho primogénito de D. Gonçalo Coutinho, 2º Conde de Marialva, e de sua mulher, D. Brites de Melo, teve contratado matrimónio com D. Catarina, filha de D. Fernando, 2º Duque de Bragança. D. Guiomar Coutinho, filha de D. Francisco Coutinho, 4º Conde de Marialva, e de sua segunda mulher, D. Brites de Melo, foi casada com o Infante D. Fernando, filho de D. Manuel. Mostram os casamentos indicados quão elevada era a categoria da família.

João Rodrigues de Sá, tratando das linhagens portuguesas, escreveu estes versos dos Coutinhos:

As cinquo estrelas sanguinhas
em campo douro pintado
do sangue antigo, & honrado
são nobres armas coutinha,
feytas dumçeo estrelado.

E soubesse desta gente
que ganhou antigamente,
segundo a memorea alcançada,
a casa por sua lança
quagora tem no presente.

11 de dezembro de 2008

De volta ao jardin do éden

Diz uma fábula moderna que há um certo tempo atrás, na ilha de Xcrentão, dois irmãos gêmeos sofreram um violento acidente. Um era muito crente, o Xing e o outro era ateu, o Xang. Após um determinado tempo, encontram‑se diante do Todo-Poderoso para o julgamento final. Xing, o crente, foi julgado e condenado a viver eternamente no inferno. Já Xang, o ateu, foi julgado e condenado a viver para sempre no céu. Revoltado com a sentença, Xing interpela o Criador perguntando por que ele, um sujeito crente, que orava e cumpria todos os ritos religiosos, poderia ir para o fogo do inferno, enquanto seu irmão, um sujeito herege, poderia ir para o céu.

O Supremo‑Criador, com toda a sua sabedoria, responde ao crédulo rebelde, dizendo: há um ditado na cultura Xcrentã que diz que “mais vale um ateu trabalhando do que milhares de crentes suplicando”. Esta civilização sucumbirá, outras civilizações surgirão. Em todas elas haverá astutos, arquitetando deuses e religiões. Não sabem que é perfeitamente possível ser bom sem religião, não sabem que é bom ser bom. E, especialmente, não sabem que foram criados para jamais saberem da minha existência, quem sou. Se quisesse que tivessem esse conhecimento, teria mostrado minha “face” e minha “voz”, afinal, nada é impossível para mim.

Quem pensa que me conhece, não conhece nada de mim. Conhece o que idealizaram de mim, as imagens que construíram, ao longo do tempo, através de suas dúvidas e anseios. Criaram fábulas, mitos e religiões; administradores de consciências e de almas. Criaram deuses. São esses sagazes que formam os conceitos do bem e do mal, são eles que impõem seus anseios, suas idéias e seus pensamentos. São eles que articulam que existe uma alma que reencarna usando corpos distintos até chegar a uma vida perfeita. Quanta farsa, quanta hipocrisia. E vós que vos deixais enganar tão facilmente, talvez tenhais interesse em crer naquilo que vos dizem, não importando se é verdadeiro ou falso, não importando se é incoerente. Só vos importais em ser únicos, especiais e semelhantes a um criador. Só vos preocupais em alcançar a vida eterna, em ser um espírito de luz.

Talvez a idéia de um ser superior vos agrade porque vos dá a sensação de que existe alguém controlando vosso mundo inconsciente e irracional, o que vos acalma e vos faz acreditar que existe uma finalidade mesmo que não entendais qual é.

Muitos de vós imaginais que sou alguém, outros imaginam que sou algo. Muitos de vós imaginais que sou tudo, outros que sou nada. Quem está correto? Se não vos entendeis, não podereis achar respostas.

Dizeis que sou infinitamente inteligente. Se sou, então não penso. Pensamento é um processo pelo qual atingimos uma conclusão. Aquele que já sabe todas as conclusões, não pensa. Quando o conhecimento é perfeito não pode haver paixão, nem emoção. Dizeis que sou um infinitamente bondoso. No mundo há muito sofrimento; se eu, que poderia tirá-lo, não o tiro, onde fica minha bondade? Logo, eu não sou onipotente ou não sou bom. De qualquer modo, fico desacreditado.

Dizeis que sou um ser pessoal. Um ser pessoal, de acordo com vossa crença, tem o livre‑arbítrio, ou seja, o exercício livre e consciente da capacidade de discernir, escolher e julgar. Isso significa que antes de fazer uma escolha, deve haver um estado de incerteza durante o período de possibilidades: não pode saber o futuro. Se eu, como infinitamente inteligente, sei tudo, não pode existir um estado de incerteza. Isso significa que não tenho a liberdade de evitar as escolhas, portanto não possuo o livre‑arbítrio. Já que um ser que não possui o livre‑arbítrio não é um ser pessoal, um ser pessoal que sabe tudo não pode existir. Com esses e tantos outros axiomas existentes, podeis perceber que não há saída para mim. Nem eu sei que sou! Se não tomo decisões, pois não penso, como fica minha justiça? Se não tenho sentimentos, pois sou perfeito, como fica a minha bondade? Se posso evitar injustiças, crueldades, calamidades, sofrimento e não evito, como fica a minha reputação. Assim, se não penso, se não tomo decisões, se sou indiferente ao amor ou ódio, se sou indiferente à justiça ou injustiça. Se sou essencialmente neutro, para que existo?

Xing então, aproveitou sua estada no Jardim Celestial para averiguar os ensinamentos bíblicos: vida eterna, imortalidade da alma e o céu. Ficou decepcionado ao perceber que o além‑túmulo é consolidado de acordo com a fé de cada um. De que adiantou sua fé inabalável? Para que, se no final todos serão salvos? Lembrou-se de um filósofo da sábia cultura Xcrentã, que dizia: “no mundo religioso não existe meia-verdade: ou todos estão certos, ou todos estão errados”. A seguir, passou a conhecer os diversos setores celestiais (cerca de 390 céus). O céu dos católicos; dos hebreus; dos hindus; dos evangélicos; dos budistas; dos hinduístas; dos espíritas; dos umbandistas e, o céu dos mulçumanos.

No céu budista viu diversas almas libertando-se do karma de reencarnações, e atingindo o Nirvana. No hinduísta presenciou a transmigração de uma alma para o corpo de um animal. No mulçumano viu almas de intrépidos guerreiros deleitando-se com suas 72 noivas virgens. No céu católico viu anjos, querubins e serafins, formados de pura energia, espalhados por toda a parte e almas a espera da vida eterna. No umbandista enxergou almas convivendo com espíritos, orixás e guias. No evangélico presenciou almas aguardando a ressurreição. No céu espírita conheceu a existência de vários planos vibratórios, dos mais inferiores aos mais elevados. Assistiu espíritos transitando entre esses diversos planos.

Conheceu os Umbrais, zonas obscuras onde se encontravam entidades propensas ao mal. Num desses umbrais, dominado por um líder de alma poética, viu até violetas na janela. Viu umbrais onde as encarnações eram disputadas a custa de muita propina, em decorrência da lei da oferta e procura. Era enorme também o ágio para encarnar o corpo de filhos de celebridades.

Aproveitou ainda para avaliar a “comunicação com os mortos”. Tentou falar com seu irmão Xang. Foi-lhe dito que ainda não existia “comunicação com os vivos”. Estariam desenvolvendo pesquisas para daqui a mil anos, com a evolução sensorial da glândula pineal, enviar por ondas magnéticas, informações do mundo espiritual. A pineal captaria essas informações, como “um telefone celular”, e as transformaria em estímulos neuroquímicos audíveis.

E os médiuns, perguntou Xing. Os médiuns, pessoas que se dizem capazes de estabelecer relações entre os vivos e os espíritos dos mortos, muitas vezes são sinceros, mas cometem erros de interpretação. Os fenômenos que eles têm são psicológicos ou neurológicos, não incorporação de espíritos dos mortos. Assim como todos os curandeiros e videntes, formam uma legião em todo o mundo e costumam atrair muita simpatia do público, pois não raro se apresentam como gênios incompreendidos e perseguidos pela ciência. Sabeis que há muitos espíritos benfeitores, honestos e evoluídos. Se houvesse “comunicação com os vivos”, é claro que já teriam, além de só dar conselhos, desvendado crimes, revelado descobertas, teorias, vacinas ou curas. Ato contínuo, procurou em todo o Jardim pela alma de Xang, porém não a encontrou. Ao falar com o síndico do Jardim, este lhe explicou que, como seu irmão era ateu, a alma não foi para lá. Teria ficado no mundo da matéria, numa espécie de inconsciente coletivo. Disse-lhe para não se preocupar com isso, pois foram criados “clones” da alma de seu irmão e enviados aos céus que tivessem almas com afinidade à dele.

A idéia do Clone era perfeita, pois permitia que entes queridos pudessem se comunicar nos vários recantos do Jardim, nos diversos céus. Assim, a alma de um católico ou evangélico podia se comunicar com o “clone de uma alma” de um familiar ou amigo ateu. Era uma maravilha, todos, apesar de estarem em céus diferentes, podiam se comunicar. A comunicação era alma-a-alma, para almas de um mesmo céu e, alma-a-clone, para almas de céus diferentes.

Os clones, antes de serem enviados aos diferentes céus, passavam por um processo de “chipagem” para incorporarem as informações necessárias desses céus, sendo reciclados a todo o instante, com a chegada de novas almas. Finalmente podia dar início a uma comunicação com o clone da alma de Xang. Estava ansioso, pois tinha muito a dizer e não queria perder a oportunidade.

Nesse instante Xing desperta, compreendendo que passara uma semana em coma profundo. Só então percebeu a gravidade do acidente. Só então descobriu que perdera seu irmão Xang. Então ficou melancólico, pensando: tivera um sonho? Uma alucinação? Um pesadelo? Quem ministrou todos aqueles ensinamentos? Teria sido Deus? O espírito de seu irmão? Alguma alma penada? Passaram-se quatro meses e esses pensamentos ainda o atormentavam. Era extremamente difícil esconder a infelicidade que irradiava em seu semblante. Passava noites e noites em claro buscando respostas.

Não se conteve e chorou. Aí, percebeu o quanto seu irmão era bom. Uma pessoa humilde, dócil, justa, amiga e amorosa. Que culpa teria de ser incrédulo? Lembrou-se então de um mestre: “não sabem que é perfeitamente possível ser bom sem religião, não sabem que é bom ser bom”.

Começou então a buscar respostas. Encontrou dentro do armário de Xang uma extraordinária filosofia de vida. Encontrou a Bíblia, o Alcorão, o Toráh e o Evangelho Segundo o Espiritismo. Como poderia ele, sendo ateu, ler tantos livros religiosos. Encontrou também, livros de Sócrates, Platão, Voltaire, Shakespeare, Darwin, Ingersoll, Descartes, Lutero, Freud, Spinoza, Kant, Russel, Hobbes, Paley, Keats, Sagan e tantos outros autores. Como poderia ele ler todos esses livros. Seria ele um livre‑pensador? Uma vez lembrou‑se que discutiu esse assunto com o irmão. Lembrou-se também, quantas vezes lhe foi oferecido esses livros para ler. Lia apenas alguns capítulos, desprezando o restante da leitura. Só fazia questão de ler a Bíblia e seguir o ensino ditado pela sagrada Igreja. No fundo do armário, encontrou diversos ensaios de autoria de seu irmão. Começou a lê-los e então, ficou deslumbrado. Toda aquela filosofia difundida pelo Criador, quando estava em coma profundo, era de autoria de Xang, seu irmão falecido. Como pôde? Como chegou a ele? Seria um fenômeno paranormal? Telepatia? Comunicação espiritual? Seria Deus? O que seria?

A resposta a essas perguntas Xing nunca obteve, porém o acontecimento mudou radicalmente o seu modo de vida. Só então compreendeu o quanto era egoísta, mesquinho e bitolado. O quanto perdeu por não ouvir seu irmão. O quanto perdeu com sua crença obtusa e nefasta. Então começou a ler e reler todos aqueles livros e, sobretudo, os ensaios de seu irmão falecido. Estudou a respeito do livre‑pensamento.

Os anos passaram, Xing era uma nova pessoa. Já não freqüentava regularmente cultos religiosos. Visitava socialmente à igreja em casamentos e acontecimentos especiais. Passou a ser um livre‑pensador. Aboliu o deus dos teólogos, adotando um deus que ele próprio concebeu. Aprendeu a diferença entre ser religiosidade e espiritualidade. Num ensaio encontrado, leu a respeito de espiritualidade. Dizia: espiritualidade, que nada tem haver com religiosidade, é a capacidade inata do homem de buscar sentido na vida e no universo, produzindo em nós uma mudança interior. Refere-se à relação intangível que temos com o sublime. É o sentimento que suscita beleza e verdade, que cria a arte e a ciência. É o sentimento que surge da humildade, da sensação de espanto e admiração pela estrutura do universo, da vaga sensação que há “algo” além da realidade superficial da experiência cotidiana, chamado de sentimento de reverência pela natureza, fascínio e respeito por sua profundidade, beleza e sutileza.

Passou a compreender o antagonismo entre ciência e religião. A ciência não explica o porquê das coisas. Ela apenas nos mostra como o mundo é. Como processo de conhecimento racional e objetivo, a ciência não é guiada por valores. Ela exige uma mente aberta, totalmente limpa de pré‑conceitos. É por isso que ela é um processo libertador. Pois a produção de ciência de verdade pressupõe ausência total de apego àquilo que possamos “sentir” que é verdade; ao que queiramos acreditar que seja verdade, ou que nos programaram para pensar que é verdade.

Na ciência o processo é mais importante que o resultado. Cientista de verdade aceita qualquer resultado que tenha sido obtido através do processo. Não há nada em ciência a ser defendido à priori. O cientista pesquisa até achar a verdade. O religioso quer que a verdade se adapte às suas idéias preconcebidas. O cientista muda de idéia conforme os fatos. O religioso tenta adaptar os fatos às suas idéias.

A dificuldade da ciência não é a matemática, não é a complexidade técnica dos assuntos que ela investiga, não é a dificuldade intrínseca. É a necessidade de uma mente aberta, livre. Isso é que a maior parte de nós não tem. Fomos parasitados. Não nos livramos de preconceitos plantados em nós por processos educacionais ou ideológicos viciantes. Temos bandeiras a defender, temos ideologias pelas quais lutar, temos as crenças. Crenças que na religião impedem a construção do conhecimento porque parte de conceitos apriorísticos, não como hipóteses, mas como verdades acima de qualquer questionamento. Isso é o oposto da ciência. Deste modo, usar a ciência para justificar a existência ou não de uma crença nunca vai dar certo. Além do mais, a ciência não consegue lidar com questões morais. Ela se limita apenas a descobrir as conseqüências de cada comportamento, mas não tem como decidir se elas são boas ou más.

Estudou o deus de Darwin, o deus de Newton, o deus de Spinoza e o deus de Einstein. Começou a abandonar o caráter antropomórfico de deus, um “ser” criado pelos homens, conforme raça, cor e costumes, a sua imagem e semelhança, que está observando a todos, a toda hora. De outra maneira, passou a entender e compreender a necessidade das crenças, do apego ao próximo, da bondade e da solidariedade, instintos básicos no homem para a perpetuação da espécie, juntando nossos genes para que estes sigam pela eternidade afora. Perpetuar a espécie, é propagar os genes, é ter filhos, é prepará-los para a vida, é vê-los crescer saudáveis e felizes, é cuidar e ajudar os semelhantes. É ter a esperança de ver familiares e amigos continuarem sendo sempre aquele refúgio que recorremos nas horas difíceis; de ver o sol, a lua, o ar, a água e a terra; de ver a natureza preservada para as gerações futuras. Esta é a razão pela qual amamos a vida, amamos o sexo e amamos as crianças. Por isso somos solidários.

Por outro lado, a idéia do homem ser extremamente egoísta e mau, inquietava Xing. Leu em Santo Agostinho que “o amor humano é extremamente egoísta, chega mesmo a renegar Deus por amor a si próprio”. Em Gênesis: “porei inimizade entre ti e a mulher e entre a tua posteridade e a posteridade dela. Ela te pisará a cabeça e tu armarás traições ao seu calcanhar”. Em Eclesiástico: “há amigos em certas horas que deixarão de o ser no dia de tua aflição; há amigo que se torna inimigo; há amigos que deixarão de o ser no dia de tua desgraça”.

Teólogos afirmam que o que chamamos mal é para nosso próprio benefício, que nós fomos colocados neste mundo de tristezas e pecado para desenvolver o caráter. Já os Espíritas, dizem que vivemos num mundo de expiações e de provas, onde a maioria dos seus habitantes são espíritos atrasados, orgulhosos e egoístas. Por isso, em toda a parte o forte vivendo do fraco, o superior do inferior. Por isso, em todo lugar, assassinatos, dor, doenças e morte. Morte que leva a mãe da criança desamparada; morte que enche o mundo com tristeza e lágrimas.

Precisamos de tudo isso para desenvolver o caráter? Para expiar? Como explicar estas coisas? Sabemos que a vida é boa. O sol brilhando e a chuva caindo. Então, o que dizer das enchentes e terremotos. Não podemos esquecer a saúde e o amor. Mas, e as epidemias, as guerras e a fome? Não podemos harmonizar todas estas contradições, estas bênçãos e agonias, com a existência de um ser de infinita bondade. Se Deus é amor, bondade, por que o sofrimento, as guerras e a violência? Por que os criminosos, os deformados e os idiotas? Como compreender? Qual o significado? Quem pode responder? As respostas oferecidas pelas doutrinas religiosas não satisfaziam Xing. Eram sempre afirmações emanadas pela fé, sempre apontando para o dissimulado, o enigmático, o incognoscível.

Buscou então respostas nos livros e apontamentos de Xang. Encontrou os ensinamentos que necessitava. Eram embasados no conhecimento científico, no evolucionismo, nos grandes filósofos humanistas, iluministas e utilitaristas. Só então compreendeu e aceitou a tudo isso. Lá estava registrado: “no princípio era o verbo”. Ou melhor, no princípio era o gene. Enquanto a coisa se resumia a isso, estava tudo bem. O problema foi a ordem que veio depois: “crescei e multiplicai‑vos”. Esta ordem domina o movimento da vida, mas parece que Deus não percebeu direito suas conseqüências. A principal delas, é o mais desenfreado egoísmo. Um egoísmo genético, que nos torna prisioneiros de dilemas sem fim. Que nos faz jogar jogos em que vencer não tem nada a ver com o que consideramos vencer. O DNA, Deus não anteviu. E por ter notado sua desatenção, logo em seguida tentou consertar. Inspirou religiões, códigos de conduta, mandamentos e livros sagrados. Mas não adiantou, o DNA já havia registrado a ordem.

Daí um mundo estranho e perverso. Daí um ser humano demasiadamente egoísta, um homem que é o “lobo do homem”. Daí o porquê tantas guerras, tanta malícia e tanta crueldade. Nossas mentes não foram criadas para encontrar o sentido de sua existência no mundo, e sim para garantir a sobrevivência dos genes. Se por acaso nos tornamos especulativos e insistimos em filosofar, “é totalmente por nossa conta e risco”. Por isso tanta incongruência. Como somos tão evoluídos e não conseguimos entender o sentido da vida? Parece que sempre falta uma explicação mais convincente, que dê conta de nossas angústias.

Alguns afirmam que o homem é mau por natureza, outros preferem dizer que o homem nasce bom, é a sociedade que o corrompe. De um modo ou de outro, a evolução fez com as regras de conduta fossem codificadas, a fim de tornarem-se iguais e mais justas a todos. “O homem é bom por natureza, é sociedade que o corrompe”, dizia Rousseau. “O homem é mau por natureza, e a sociedade é quem o disciplina”, dizia Hobbes. O homem não é bom nem mau, simplesmente é homem, dirão uns. O homem é a imagem e semelhança de Deus, então ele é bom, dirão outros.

Sigmund Freud via o homem como um ser mau por natureza. No entanto dizia que o único sentimento capaz de unir os homens era o afeto. Esse afeto que é capaz de unir os homens não nasce no coração do homem, mas nas relações sociais. É um sentimento que brota nas interações, por isso ele une, porque nasceu da união e precisa dela para existir. Nascendo nas interações, pode posteriormente fazer morada no coração humano. O afeto não nasce no coração, mas é no coração que ele cresce.

Thomas Hobbes dizia que é de sua natureza, o homem, ser egoísta, mau e constituído por um “eterno e irrequieto desejo de poder e mais poder”. Um determinismo mecanicista regeria a atividade psicológica do homem, o livre‑arbítrio não passaria de ilusão: seria apenas uma expressão destinada a ocultar a ignorância das verdadeiras causas das decisões humanas. E por ser mau, precisa de leis, normas, polícias, religião e educação, para manter na linha o lado sombrio da sua natureza humana.

Muitos pensam que sem religião não há moral, entretanto, havia moral muito antes de haver religião. Os filósofos primeiros eram materialistas assim como os homens primitivos. Depois, como disse Voltaire, “o primeiro esperto encontrou o primeiro tolo” e a religião começou. Filósofos escreveram explicando porque é bom ser bom. “A vida reta é garantia da liberdade”. Esse pensamento não cita deuses. E é um dos provérbios de Salomão.

Somos animais sociais. Nossa sociabilidade é o resultado de evolução, não de escolha. A seleção natural nos equipou com um sistema nervoso que é peculiarmente sensível ao estado emocional de nossos semelhantes. Está em nossa natureza sermos felizes no meio de felicidade, tristes no meio de infelicidade. Nós temos um sistema nervoso de animais sociais, nós somos geralmente mais felizes na companhia de nossos semelhantes do que sozinhos.

Darwin, durante a evolução humana, afirmou em “The descent of man” que, à medida que a capacidade de raciocínio e previsão se aperfeiçoam, os homens não tardariam a aprender por experiência que se ajudassem seus iguais, normalmente receberiam ajuda em retribuição. Por esse motivo mesquinho o homem talvez tivesse adquirido o hábito de ajudar seus iguais. E, o hábito de praticar boas ações certamente fortalece o sentimento de solidariedade, que dá o primeiro impulso às boas ações. A gratidão faz as pessoas pagarem os favores sem pensar muito que é isto que estão fazendo. E se sentimos mais compaixão por determinadas pessoas (a que somos gratos), isto pode nos levar, quase que inconscientemente, a retribuir o ato de bondade. Enquanto na seleção de parentesco o objetivo de nossos genes é realmente ajudar outro organismo, no altruísmo recíproco o objetivo é deixar aquele organismo sob a impressão de que o ajudamos; a simples impressão é suficiente para suscitar a retribuição.

Darwin acreditava que, em um universo que até onde nós sabemos é ateu, um bom lugar para encontrarmos orientação moral é o utilitarismo. A idéia do utilitarismo é simples: as linhas mestras fundamentais do discurso moral são prazer e a dor. As coisas podem ser consideradas boas na medida em que aumentam a felicidade no mundo e más na medida em que aumentem o sofrimento. A finalidade de um código moral é maximizar a felicidade total no mundo.

O fundamento do utilitarismo consiste, em sua maior parte, de uma simples afirmação de que a felicidade, sendo todo o resto igual, é melhor do que a infelicidade. Em princípio, conduzimos nossas vidas como se a felicidade fosse o objetivo do jogo (até as pessoas que praticam uma rigorosa abnegação geralmente o fazem em nome de uma futura felicidade, seja aqui, seja no além). E uma vez que cada um de nós admita que, sim, acreditamos que a felicidade é basicamente algo de bom, algo que não gostamos que seja pisoteado sem razão, torna-se difícil negar aos demais o mesmo direito sem parecer um tanto arrogante. Na regra de ouro de Jesus de Nazaré, “fazer aos outros o que gostaríamos que nos fizessem, e amar ao próximo como amamos a nós mesmos”, temos o ideal de perfeição da moralidade utilitarista.

Darwin acreditava que o homem descobriria segundo o veredicto de todos os sábios, que a maior satisfação é obtida pelo exercício de certos impulsos, ou seja, dos instintos sociais. Se agisse pelo bem de outros, receberia a aprovação de seus semelhantes e conquistaria o amor daqueles com quem convivesse; e esta última recompensa sem dúvida é ao maior prazer na terra. Contudo, a razão pode ocasionalmente lhe aconselhar a agir de forma contrária à opinião dos outros, cuja aprovação ele, então, não receberá; mas, ainda assim, terá a firme satisfação de saber que seguiu seu mestre mais íntimo, sua consciência.

Xang se foi..., a Xing restou apenas a nostalgia de um passado em comum. Porém, agora sabia que a imortalidade é uma conseqüência da evolução. É através dos genes que somos imortais, porque os genes não morrem. Os indivíduos são passageiros, mas os genes são para sempre. Eles carregam consigo toda uma herança genética, desde a mais remota cadeia da vida biológica sobre a terra. Não são destruídos pela recombinação, simplesmente trocam de parceiros e seguem em frente. Os genes são a nossa essência imortal, a VIDA ETERNA. Levamos em nossas células as memórias de nossos ancestrais, seus instintos, a personalidade, a individualidade consciente de todos os que participaram na formação do nosso corpo. O conhecimento pretérito, apenas parece ser de “vidas passadas”, mas em verdade decorre da memória incorruptível dos genes, constituída por bytes, bytes e mais bytes de informação digital pura.

Compreendeu então que seu irmão Xang é imortal. Compreendeu então que a crença na imortalidade da alma, comum a quase todas as religiões, não passa da percepção, em nível consciente, da imortalidade dos genes. Nossos corpos efêmeros, portadores dos genes imortais, não passam de carapaças descartáveis que são deixadas pelo caminho, enquanto os genes caminham, triunfalmente, atravessando gerações, rumo a um futuro desconhecido. A vida segundo essa concepção é totalmente centrada na replicação do gene (DNA), é isso o que a esgota completamente. Essa é a finalidade da vida para a biologia; o propósito da existência para o DNA: continuar existindo através de cópias que ele fabrica.

É claro que a vida não se resume só a isso. Somos seres emotivos e frágeis, uma estranha mistura de ódio, medo e ternura. Imensamente insaciáveis, invejosos, agressivos, ciumentos, inquietos e amedrontados, com ocasionais lampejos de alegria e afeição. Somos ao mesmo tempo a violência e a paz. Temos medo do fracasso, da rejeição, da morte e do desconhecido. Como seres humanos, vivendo neste mundo assombroso e majestoso, necessitamos do imaginário das crenças.

Continuaremos a depender delas. É através delas que damos sentido à nossa existência. Somos produtos do meio social, de seus costumes, de sua cultura. Assim também são nossas crenças (alma, anjos, deuses, duendes, espíritos, fadas e extraterrestres), fruto da ânsia de sermos imortais. Somos um misto de herança genética, bagagem psicológica adquirida ao longo da vida, experiências e formação. Somos comandados a todo instante por nossos instintos animais: fome, sede, frio, calor, sexo, medo, insegurança e, pela nossa permanente busca da felicidade.

Quem somos, de onde viemos e para onde vamos? Quanto mais respostas temos, mais perguntas aparecem. Nunca deixaremos de fazer perguntas. Queremos e necessitamos crer. Jamais aceitaremos o acaso como nosso pai e a natureza cega como nossa mãe. “Sempre acreditamos naquilo que queremos acreditar”. Esse pensamento ficou atormentando a mente de Xing. Não seria agora ele também, vítima de sua própria crença?

Talvez, mas agora pelo menos estava livre. Livre dos demônios e dos monstros alados da noite. Livre para abandonar os livros sagrados que líderes incompetentes e interesseiros produziram. Livre das bárbaras fábulas do passado. Livre do medo do sofrimento eterno. Nesse momento, entrou em sua mente o discernimento, o sentimento e a alegria da liberdade. Não se sentia mais escravo, estava livre. Pela primeira vez sentiu-se livre. Livre para refletir. Nesse momento, a humildade floresceu...

Fonte:
De Volta ao Jardin do Éden
http://www.corifeu.com.br/index.asp?secao=23&categoria=40&subcategoria=0&id=37

Vegetarianismo

Vem crescendo cada vez mais o número de adeptos da dieta vegetariana, que consiste em alimentar-se exclusivamente de vegetais. As correntes do vegetarianismo se dividem em, basicamente, duas:

1) Aqueles que não comem nenhum tipo de carne, mas consomem leite, ovos e seus derivados.

2) E os que não admitem o consumo de qualquer produto obtido por meio de sofrimento ou exploração animal (inclusive ovos, leite e mel). Esses são conhecidos como vegan.

3) Há ainda os que se dizem vegetarianos mas consomem carne de peixes, ou de aves, excluindo apenas a carne vermelha.

Os vegetarianos que se preocupam com os direitos dos animais não restringem sua postura apenas ao hábito alimentar, eles vão bem mais além: Se recusam a usar produtos que são feitos com pele de animais, como as roupas de couro, e fazem boicote às empresas que testam seus produtos em animais. Os vegans, geralmente, adotam essa postura.

Entretanto, se esquecem que para comerem vegetais, alguém tem que “matar” as plantas, e isso também seria uma violência. É certo que as plantas são tão vivas como os animais. Alguns dizem que as plantas têm sentimentos. Outros acreditam, inclusive, que elas têm alma. Assim, para os vegetarianos, “matar um animal para comer, não pode, mas matar uma planta, pode”.

“Vegetais e animais são diferentes apenas no grau de manifestação da vida”. O Prof. J. C. Bose, da Índia, provou que os vegetais têm um sistema nervoso que responde a um estimulo favorável através do prazer, e a uma influência desfavorável através da dor. Eles têm batimento cardíaco, sistema circulatório, pressão da seiva e uma vida central, em certas células das raízes – o cérebro dos vegetais. Ampute um dedo seu e você não morrerá, corte um galho e a planta não morrerá, mas remova o cérebro humano e o corpo que o continha morrerá, exatamente como ocorre quando se corta a raiz de uma planta: ela morre.

Assim como os animais respondem a certos tratadores, os vegetais crescem em abundância sob certas vibrações humanas benignas, e definham ou crescem pouco quando cultivados por pessoas com vibrações erradas. Pode-se anestesiar uma planta, fazer com que sinta prazer ou dor, ou até envenená-la e matá-la. Instrumentos de precisão desenvolvidos pelo Prof. Bose nos mostram a dor e a agonia da morte em plantas torturadas ou moribundas. Um pedaço de estanho pode sentir prazer ou dor, e pode expressar suas emoções através de instrumentos sensíveis feitos pelo homem. A couve-flor abatida só pode expressar sua agonia pré-morte através dos instrumentos do Prof. Bose. Os metais e as plantas torturados não podem falar. Alguns peixes expressam sua agonia através de um grito agudo e curto. Aves e animais manifestam seus problemas através de diferentes sons específicos. “O homem se aproveita do fato de que ele não entende a linguagem dos animais e os mata contra a vontade deles”.

A maior parte dos consumidores de carne bovina desistiriam de comer carne se tivessem que matar os animais para obtê-la; “mas nenhum vegetariano se importaria em descascar os vegetais e cortar as cabeças das cenouras ou de qualquer outro vegetal”. Os vegetais não gritam de dor nem derramam sangue quando são mortos. Como os “gemidos” e “sofrimentos” das plantas estão for a do nosso alcance sensorial, pretenciosamente achamos que elas nada sentem quando são devoradas. Como se diz: “o que os olhos não vêem o coração não sente”. Do ponto de vista da sensibilidade humana, podemos dizer que é menos dolorido matar um vegetal do que um animal. As almas adiantadas hesitam até em remover as cabeças das rosas de seus corpos vegetais que florescem em jardins domésticos.

Do ponto de vista civilizado, a preocupação em escolher uma alimentação não é como evitar a mortandade de animais ou vegetais, uma alternativa impossível, mas adotar uma alimentação equilibrada, de frutas, cereais, vegetais, carnes, leite e derivados. Ou seja, buscar o “caminho do meio”.

MOTIVOS PARA SER VEGETARIANO: Por motivo de saúde. Por respeito aos animais.

VEGETARIANOS VIVEM MAIS? Não necessariamente, os estudos mais recentes sugerem que eles vivem o mesmo tanto que aqueles que comem carne.

VEGETARIANOS TEM MENOS CÂNCER? Não necessariamente, não há um estudo que comprove cientificamente essa afirmação.

A CARNE QUE VOCÊ COME APODRECE DENTRO DE VOCÊ? Não, isso não é verdade, nem leva uma semana para ser digerida, ela é processada como qualquer outro alimento, emum período de 24 horas, pelas enzimas e sucos digestivos.

A CARNE VERMELHA É REALMENTE NECESSÁRIA? O clínico-geral Abrão José Cury Júnior, diretor da Sociedade Brasileira de Clínica Médica, explica que a carne vermelha, como os peixes, está no grupo dos alimentos construtores, fornecedores de proteínas. “A ingestão desses alimentos deve ser variada. É importante que as quantidades sejam individualizadas de acordo com o perfil clínico de cada pessoa”, afirma. A carne vermelha também contém vitamina B12 e ferro, e a falta desses componentes no organismo pode gerar anemia. O ferro presente na carne é mais absorvido pelo organismo do que aquele de origem vegetal. “É importante consumir pelo menos uma vez por semana, já que a carne contém uma proteína necessária à formação da membrana das células”, afirma a oncologista Célia Tosello de Oliveira, coordenadora do Centro de Estudos do IBCC (Instituto Brasileiro de Controle do Câncer).

SOMOS NATURALMENTE VEGETARIANOS? Essa afirmação não é verdadeira, o homem é mais próximo do macaco onívoros, como o chimpanzé, que dos vegetarianos, como os gorilas, o homem tem um sistema digestivo preparado para comer de tudo.

É POSSÍVEL ALIMENTAR-SE SÓ DE VEGETAIS? Em termos, para um plantio de vegetais em nível de consumo para toda a humanidade, igualmente seria necessário a derrubada de florestas e a maioria do processo seguiria o mesmo que o tradicional dos carnívoros.

RECENTES ESTUDOS REVELAM QUE A LONGEVIDADE NÃO TEM NADA A VER COM O VEGETARIANISMO - Parece que uma alimentação só com vegetais não é o caminho adequado para a longevidade, ao menos isso é o que revelam as últimas pesquisas. Segundo recentes estudos a expectativa de vida de um norte americano vegetariano só é alta quando comparada com índices de países em desenvolvimento ou do terceiro mundo.

“O resultado foi uma surpresa para toda a equipe. Não era nossa intenção desmascarar o mito do vegetarianismo, pelo contrário, estávamos acostumados a acreditar que o fato de os E.U.A não possuir uma expectativa de vida digna de primeiro mundo era resultado do mal hábito alimentar e da cultura fast-food. Agora imaginem a surpresa ao descobrir que um vegetariano vive em média menos que uma pessoa que freqüenta lanchonetes pelo menos 3 vezes por semana.” - diz Christian Lake ,um dos organizadores da pesquisa.

Para os cientistas, a explicação não parece tão complicada.

“Saúde e longevidade dependem de fatores muito mais complexos do que comer vegetais. Para o corpo funcionar perfeitamente, a mente tem que estar em harmonia. Uma vida estressante nas cidades grandes é muito mais daninha ao organismo do que um hambúrguer. Se paramos para analisar, os vegetarianos se concentram em grandes núcleos urbanos, levam uma vida agitada, estressante, estão expostos à poluição sonora, poluição ambiental e tentam descontar todos esses malefícios com um prato de legumes. No entanto as pessoas de cidades pequenas descuidam mais a alimentação, porém, vivem com a mente mais sossegada, comendo de maneira prazerosa e sem culpabilidade. Têm uma vida social eminentemente ligada ao entretimento e alimentação prazerosa. O resultado disso é que pessoas de cidades pequenas vivem mais” - Palavras do cientistas George Hausbegger.

Porém, se os caos urbano é capaz de danificar um corpo bem alimentado, o que reservará para um assíduo freqüentador de fast-food? Deixamos George Hausbegger nos explicar:

“Uma alimentação prazerosa é uma boa válvula de escape para o stress urbano. Uma pessoa que não se preocupa demasiadamente com a alimentação vive muito mais contente e relaxada, o que faz muito bem ao corpo. Descobrimos que muitas pessoas que sofrem doenças devido à má alimentação em geral eram pessoas com graves distúrbios metabólicos, ansiosas, que acabavam comendo cada vez mais carne e comida gordurosa para superar a angustia. Esse sentimento é muito nocivo pro organismo e é o grande responsável pelas inúmeras doenças apresentadas pelos freqüentadores dos McDonald´s da vida”.

- Mas, com tudo isso, por que um vegetariano vive menos?

“Se alguém realmente se sente atraído por pratos de baixas calorias, para não engordar, não há mal nenhum em aderir ao vegetarianismo. Porém, a realidade não é bem essa, vegetarianos no geral são pessoas "perfeccionistas", que muitas vezes aderem ao vegetarianismo "por ser algo que pensam ser o mais evoluído", "mais ético". Querem ser diferentes nem que para isso tenham que abrir mão de um hábito prazeroso como comer MODERADADMENTE de tudo. E aí é que está o problema: Se reprimem até na hora de comer. Esse sentimento de auto‑repressão é o que acaba por trazer muito mais problemas que uma lanchonete. o problema é essa falta de uma válvula de escape que apenas os bons de garfo têm.” Sentencia George Hausbegger.

PENSAMENTOS:

“Haverá um tempo em que o homem não precisará mais se alimentar de animais ou de vegetais.”

“Assim como temos animais de estimação e animais para alimentação, temos também plantas de estimação e plantas para alimentação.”

“Experiências mostram que as plantas reagem como seres humanos, possuindo emoções e mostrando alegria, medo, angústia, depressão.”

“A verdade é que as plantas reagem a pensamentos sobre o bem-estar delas, sofrem com a morte de formas de vida e simpatizam com seres humanos que as cultivam e são capazes de comunicar-se sensorialmente com estes, a centenas de quilômetros de distância.”

“Não destruas nenhum ser vivo (seja animal ou vegetal). Já que não te foi dado o poder de criar, não te é dado o direito de destruir.”

“Quando o homem aprender a respeitar até o menor ser da criação, seja animal ou vegetal, ninguém precisará ensiná-lo a amar seu semelhante.”

“Maltratar animais (e plantas) é demonstrar covardia e ignorância.”

Fontes:
Revista Época no. 421 de 12/06/2006 pg. 88/96
Consumo de Carne versus Vegetarianismo
http://caminhodomeio.wordpress.com/category/alimentacao/

A face enigmática de deus

Digamos que você é eclético, democrata, progressista; que para você não existe um deus malfeitor (terremotos, guerras e karma), nem um deus beneficiador (saúde e recompensas). Que não lhe faz diferença se o correto é o monoteísmo (um só Deus) ou o politeísmo (vários deuses); que não lhe faz diferença se o correto é o monismo (substância única) ou o dualismo (duas substâncias); que não lhe faz diferença se o correto é a ressurreição (uma vida) ou a reencarnação (muitas vidas); que não lhe faz diferença se Jesus é o messias (Catolicismo) ou não (Judaísmo).

Digamos que para você o sofrimento, a doença, o acidente e a morte são coisas da natureza humana. Deus nada tem a ver com isso. Ele criou o mundo com suas leis, e não muda as coisas arbitrariamente, mas deixa a natureza seguir seu curso. Para você todos serão “salvos”, conforme o merecimento, independente do credo ou religião que pratique. Então para você existe uma lei natural que rege o Universo. Para você Deus criou o mundo, conforme sua convicção ou fé religiosa, já existindo antes deste, sem que ninguém O tenha criado. Criou leis naturais para o regerem e a partir daí, possibilitar transformações com base nas leis do evolucionismo.

Então você está mais preocupado em saber por que somos como somos. Se quisermos saber “por que somos como somos” e levar uma vida verdadeiramente moral, precisamos primeiro compreender que tipo de animal somos. Para esse questionamento nada melhor que o evolucionismo com suas novas teorias para nos dar as respostas exatas (o mundo com suas leis). A evolução é o princípio fundamental da vida no Universo. Nela reside à base do entendimento de tudo quanto se passa dentro e fora do alcance visual humano.

Não há explicação lógica nem racional para a existência quando a evolução não é devidamente considerada. A evolução faz-se sentir em tudo: na semente que brota para transformar-se numa flor; na árvore que se agiganta e frutifica na trajetória de um ciclo; no ser humano que penetra na escola analfabeto e dela sai cientista; no desenvolvimento das artes, das letras, das ciências, da música, das indústrias e das invenções.

Agora, com a teoria da evolução, tudo neste mundo faz algum sentido. Com Darwin e o neodarwinismo, você pode responder a perguntas como “Por que somos como somos?” Sem a teoria da evolução nada no mundo da mente faz algum sentido. Sem a evolução você pode apenas se sentar e apelar para um agente consciente imaginário.

Agora, não precisamos mais recorrer a poderes mágicos e misteriosos, a anjos e ETs, astrólogos e médiuns, fundamentalismos religiosos e filosofias alternativas, o novo paradigma darwinista, provê novas respostas para algumas perguntas importantes sobre a natureza humana.

Entretanto, muito embora já tenhamos abandonado o caráter antropomórfico de Deus, um “ser” criado pelos homens, conforme raça, cor e costumes, a sua “imagem e semelhança”, que está observando a todos, a toda hora, e irá punir as pessoas que desobedecerem seus mandamentos com as mais terríveis punições; Já estejamos convictos que não existe “alguém” e sim, pelo menos, “algo”. Algo (Deus!!!) que atualmente só é explicado pela “fé”, pelo “mistério” e pelo “incognoscível”, palavras de grande utilidade para os crentes, mas que simplesmente significam que pouco sabemos; já tenhamos perdido a ilusão de que um Deus é necessário para compreender o desígnio de nossas mentes;

Já podemos entender e compreender a necessidade das crenças, do amor ao próximo e da fraternidade, instintos básicos no homem para a perpetuação da espécie, pois são estes, entre outros, os principais mecanismos para fazer o controle de qualidade das pessoas, unindo nossos genes para que estes sigam pela eternidade afora. E isso tem um significado amplo: Perpetuar genes é ter filhos, é prepará-los para a vida, é vê-los crescer saudáveis e felizes, é cuidar e ajudar os parentes. É ter a esperança de ver nossos familiares e amigos continuarem sendo sempre aquele refúgio que recorremos nas horas difíceis; de ver o sol, a lua, o ar, a água e a terra; de ver a natureza preservada para as gerações futuras. Esta é a razão pela qual amamos a vida, amamos o sexo e amamos as crianças.

Por isso somos solidários. Por isso somos responsáveis pelos nossos atos e por como estes afetam aqueles próximos a nós - afetamos as prioridades dos outros quando julgamos as nossas mais importantes. Achar que podemos alcançar um nível de conhecimento absoluto é algo muito pretensioso. Por isso somos humildes - A vida nos “prega” a todo o momento uma nova “lição”.

Ainda temos muito que caminhar... Por isso precisamos da “fé” para continuarmos na caminhada em busca de nossos sonhos, nossas fantasias e de nossas crenças.

CRENÇAS, continuamos a depender delas. Somos seres emotivos, frágeis, insignificantes no plano cósmico. As crenças estruturam nossa visão de mundo e nos confere a diversidade cultural, a individualização ou a reação coletiva sobre certos assuntos. As crenças solucionam muitos dos nossos problemas “inexplicáveis”: através deste artifício atribuímos causas “corretas e sensatas” para as coisas, que nos agradam e nos trazem equilíbrio interior.

Se por um lado buscamos constantemente o conhecimento e a sabedoria, por sua vez os pobres de espírito (“ignorantes”) são mais felizes (“Bem-aventurados os pobres de espírito, porque deles é o reino dos céus”), pois aceitam sem questionar algo que um detentor do conhecimento poderia refutar, ficando assim sem uma explicação que lhe satisfaça.

Quando desconhecemos a profundidade de um argumento, damos preferência à exposição feita por alguém que venha a suprir nossa deficiência e nos ofereça uma explicação que nos livre da penosa tarefa de pensar. É mais freqüente que a confiança seja gerada pela ignorância do que pelo conhecimento. Felizmente em poucos anos as grandes religiões estarão - assim esperamos - humanas e sensíveis o suficiente para negar os dogmas que enchem anos sem fim com a dor e o sofrimento. Elas têm que saber que esses dogmas são inconsistentes com a sabedoria, com a justiça, com a bondade do seu Deus. O mero ceticismo também não basta. Ninguém pode ser inteiramente aberto a novas idéias ou completamente cético. Todos temos de traçar o limite em algum lugar. Daqui derivam atritos, exclusivismos, sectarismos nos quais se expressa, também neste campo, a lei da luta pela vida. Pela felicidade.

FELICIDADE, causa final, que todos buscamos, independente de nossas crenças ou descrenças. Busca infinda cheia de sombras e lágrimas. Somente alcançada a partir do momento em que conseguimos achar satisfação dentro de nós mesmos. A felicidade consiste em satisfazer-nos com o que temos e com o que não temos. Quando não conseguimos achá-la em nós, é inútil procurar em outra parte. Sempre que dependemos de coisas fora de nós para sermos felizes, estamos fadados à decepção.

A felicidade não é mais do que um estado de espírito e uma emoção criada por nós mesmos dentro da nossa mente. É um estado em que tudo parece se entrosar em perfeita harmonia e coordenação; em que tudo nos dá prazer; em que a paz interior reina acima de qualquer adversidade ou controvérsia; em que nos sentimos donos do nosso universo. É um estado de espírito onde a satisfação pessoal supera todo e qualquer sofrimento ou aflição - quando o que você pensa, fala e faz estão em harmonia. Quando essa felicidade vem acompanhada de atributos como caridade, generosidade, honestidade, humildade, justiça, tolerância e carinho, ocorre aquilo que chamamos AMOR.

Então, se Deus é Amor (“Deus é amor; e quem permanece em amor, permanece em Deus, e Deus nele”), Amor é Deus. Então, Deus é um estado de espírito criado por nós mesmos dentro da nossa mente, onde reina paz e harmonia; em que tudo nos dá prazer; em que somos instigados a praticar as mais nobres virtudes.

Há muitas verdades dentro de cada um de nós. Não creio que a minha verdade seja melhor ou pior que a sua. Ambos temos, pelo menos em certos pontos, total convicção do que achamos. E o grau de convicção que temos, mesmo que para conceitos opostos, é exatamente igual tanto para você como para mim. São nossas verdades. Nossa consciência.

CONSCIÊNCIA, lugar onde buscamos nossa verdade. Onde elaboramos nossos valores e mandamentos morais para aplicá-los nas diferentes situações; onde ocorre o livre‑arbítrio, julgamento secreto da “alma”, aprovando ou reprovando os nossos atos; onde está situado o “inferno” (tristeza e sofrimento) e o “céu” (alegria e regozijo).

Lugar onde é apreciado o delito e aplicada a sentença: absolvição (arrependimento) ou condenação (punição). Punição que será proporcional ao conhecimento ou grau de discernimento do infrator (“Daquele a quem muito é dado, muito se lhe requererá; e a quem muito é confiado, mais ainda se lhe pedirá”). Lugar onde mora Deus (“O reino de Deus está dentro de vós”). Lugar da VERDADE, onde é aplicada a JUSTIÇA de Deus.

Então, se Deus é Verdade (“Eu sou o caminho, e a verdade e a vida”) e Justiça (“Se sabeis que ele é justo, sabeis que todo aquele que pratica a justiça é nascido Dele”), Verdade e Justiça é Deus. Então, Deus é o lugar da mente (consciência) onde são elaborados os valores e mandamentos morais para aplicá-los nas diferentes situações e onde é apreciado o delito e aplicada a sentença.

Em resumo, podemos afirmar que Deus é um estado de espírito criado por nós mesmos dentro da nossa mente (consciência), onde reina paz e harmonia; em que tudo nos dá prazer; em que somos instigados a praticar as mais nobres virtudes; onde são elaborados os valores e mandamentos morais para aplicá-los nas diferentes situações e onde é apreciado o delito e aplicada a sentença. É um sentimento tão sublime que a humanidade o chama Deus! É algo para ser sentido, e não visto.

Então, se Deus é um sentimento, um estado de espírito criado por nós mesmos dentro de nossa mente, podemos afirmar que não existe verdade absoluta. Nós estabelecemos nossa própria verdade. Não há realidade objetiva. Tudo é subjetivo. Somos parte do universo que pretendemos decifrar; não somos independentes dele; o melhor que podemos fazer é construir histórias que façam sentido. A própria ciência é apenas outra percepção, outra alegoria, e não tem mais justificação do que qualquer um dos outros. Somos incapazes de adquirir o conhecimento da verdadeira natureza da realidade. É isso que determina a visão que cada um de nós tem do mundo - nossa verdade - sempre acreditamos naquilo que queremos acreditar.

Se um acontecimento parece real, para nós ele é real. Se uma concepção parece correta, para nós ela é correta. Não importa se as presunções são verdadeiras ou não, basta que elas façam sentido para nós.

Se o mundo é injusto, desigual e caótico, preferimos aceitar que a serenidade e a paz serão alcançáveis por nós de algum modo. É aí que entra a religião, propondo suas soluções para aquilo que nos é problemático no mundo sensível. Se sofrermos aqui, teremos a chance de viver melhor num “céu” idealizado, metafísico, intangível por nossas capacidades sensoriais e cognitivas; é a promessa de uma existência melhor e mais segura fora deste mundo perdido, perverso e pecaminoso.

Vivemos num mundo de regras simples. As complicações deste mundo resultam da desobediência de nossas próprias leis, que regem nossas sociedades. A verdade é a própria simplicidade, a própria singeleza, a própria lógica natural.

Tudo o mais é produto exclusivo de nossos desejos, que, como visto, são impulsionados, nutridos e conduzidos pelo EGOÍSMO (“O ser humano é egoísta por natureza. É de sua natureza, ser egoísta, mau e constituído por um perpétuo e irrequieto desejo de poder e mais poder que só termina com a morte”), pela VAIDADE (“Vaidade de vaidades, diz o pregador, tudo é vaidade”) e por INTERESSE (“Toda a vida em sociedade é regida pela tensão: interesse individual versus interesse coletivo”).

O melhor de Freud é sua percepção do paradoxo de sermos animais extremamente sociáveis: Sermos no cerne libidinosos, gananciosos e de um modo geral egoístas e, no entanto, termos que viver educadamente com outros seres humanos - termos que alcançar nossas metas animais por meio de uma tortuosa via de cooperação, conciliação e contenção, sendo a mente (consciência) um lugar de conflito entre os impulsos animais e a realidade social.

Assim, somos um animal - egoísta por instinto e altruísta por interesse. Somos fisicamente e mentalmente o resultado da competência de nossos ancestrais. Uma elite que sobrou de uma multidão de tentativas das quais só algumas deram certo. O resultado das instruções que nosso DNA codificou em corpos e mentes que já morreram, mas que viveram o suficiente para copular e gerar crias. Milhões e milhões dos contemporâneos de nossos ancestrais falharam, nossos ancestrais não. Por isso somos os senhores de nossos destinos. Os guardiões da verdade, da bondade, da beleza, da liberdade, da justiça, da ética e da moral. Os responsáveis pelas conseqüências de nossos atos. Somos especiais, mas talvez não sejamos tão especiais como gostaríamos de nos ver.

O homem tem a tendência a acreditar. Cada um tem a sua verdade! Mas qual será a verdadeira verdade? Qual a verdade que devemos seguir? A de Abraão? A de Buda? A de Calvino? A de Confúcio? A de Lao-Tse? A de Lutero? A de Jesus? A de Kardec? A de Maomé? A de Russell? A de Smith? A dos Orixás? Talvez a minha. Talvez a sua. Talvez nenhuma. Talvez estejamos todos errados. Talvez não. Talvez não seja nada disso... Uma coisa, porém, é certa: tudo o que tiver de acontecer, acontecerá. “Assim está escrito, e assim será”. Será?

Quando nos convencermos de que o Universo é natural - que todos os deuses e fantasmas são mitos. Nesse momento, então, entrarão em nossa mente o discernimento, o sentimento e a alegria da liberdade. Então não seremos mais servos. Não haverá mais mentores. Estaremos livres. Livres para rejeitar toda e qualquer crença cruel. Livres dos monstros alados da noite - de diabos, fantasmas e deuses. Livres para rejeitar todos os livros “sagrados” que líderes ignorantes e interesseiros produziram. Livres de todas as bárbaras lendas do passado. Livres de “líderes” religiosos. Livres do medo do sofrimento eterno. Pela primeira vez seremos livres.

Não haverá mais lugares proibidos em nossa mente - não haverá mais lugares que a imaginação não possa atingir - nenhuma algema nos prendendo, nenhum mestre nos encarando ou ameaçando, nenhuma necessidade de nos curvar, ajoelhar ou rastejar, ou expressar palavras mentirosas. Então seremos verdadeiros para nós mesmos. Verdadeiros para os fatos que conhecemos e, acima de tudo, preservar a veracidade de nossas vidas. Livres para pensar. Para viver nosso próprio ideal. Livres para viver para nós e para aqueles que escolhemos.

Então poderemos expor nossas idéias com clareza. Aprenderemos a creditar nossos problemas à nossa incapacidade ou falta de saber. Nesse momento, a humildade florescerá entre os homens, fundamentada em princípios humanos, e não em fantasias envolvendo deuses e demônios. Será um tempo, então, onde todos poderão considerar-se irmãos, pois ninguém esperará mais da vida do que seu semelhante.

Então saberemos que o importante não é o que temos na vida, mas quem temos na vida; que é perdoando que seremos considerados; que heróis são pessoas que fizeram o que era necessário fazer, enfrentando as conseqüências da ocasião; que o significado das coisas não está nas coisas em si, mas sim em nossa atitude com relação a elas; que cada um é senhor de si mesmo, devendo depender de si próprio e controlar-se a si próprio; que não é um deus que julga as pessoas, mas é a própria pessoa que faz o julgamento de si mesmo; que a finalidade de nossa busca é a verdade; que os meios para encontrá-la são através da ciência e da razão; que a vida tem sentindo e nós temos sentido diante da vida;

Então saberemos: mesmo se Deus não existir, mesmo se não houver nada depois da morte, isso não nos dispensa de cumprir com o nosso dever de agir humanamente, às vezes por parentesco, às vezes por altruísmo recíproco, às vezes por interesse, às vezes por necessidade, mas sempre pela sobrevivência da espécie (no interesse dos genes).

Se há deuses, não podemos ajudá-los. Mas podemos ajudar nossos semelhantes. Não podemos amar o inconcebível, mas podemos amar nossos parentes, cônjuges, filhos, amigos e, quem sabe, nossos inimigos...

Fonte:
De Volta ao Jardin do Éden
http://www.corifeu.com.br/index.asp?secao=23&categoria=40&subcategoria=0&id=37
A Face Enigmática de Deus
http://www.papelvirtual.com.br/sitenovo/detalhes_produto2.asp?IDProduto=706

10 de dezembro de 2008

As origens da sexualidade

Nenhum comportamento humano afeta mais obviamente a transmissão de genes do que o sexo. Portanto, nenhuma parte da psicologia é uma candidata mais óbvia para a explicação da evolução do que os estados da mente que conduzem ao sexo. Homens e mulheres são diferentes. Nem melhores nem piores - apenas diferentes. A ciência sabe disso, mas as pessoas politicamente corretas fazem de tudo para negar. Evoluíram de modos diferentes porque tinha que ser assim. Os circuitos cerebrais e os hormônios determinam nosso comportamento e modo de pensar.

O homem evoluiu com as responsabilidades de guerrear, proteger e resolver problemas. A família só esperava que ele cumprisse suas tarefas: caçador e protetor - nada mais. A orientação de seu cérebro e o condicionamento social o impedem de demonstrar medo ou dúvida. Precisava ser capaz de ter o máximo possível de orgasmos no mais curto espaço de tempo antes que fosse atacado por predadores ou inimigos.

O homem desenvolveu o senso de direção e pontaria, tornando-se capaz de localizar a caça, atingi-la mesmo em movimento e levá-la até onde vivia. Sempre se definiu de acordo com seu trabalho e realizações. A auto-estima masculina dependia do reconhecimento da mulher aos seus esforços. Não precisava ser bom de papo nem se ligar nas emoções alheias. Daí que ao lado de um homem calado, com o olhar perdido, sempre há uma mulher se sentindo desprezada. Ele, entretanto, é um caçador. Passou o dia inteiro caçando e precisa descansar. Ele só quer um pouco de sossego!

As mulheres precisavam da aptidão para percorrer pequenas distâncias, visão periférica mais ampla para monitorar o ambiente em volta capaz de detectar sinais que indicassem a aproximação de perigo, habilidade de fazer várias coisas ao mesmo tempo e boa capacidade de comunicação. Possuem habilidades sensoriais muito mais aguçadas. Notam detalhes e alterações mínimas na aparência e no comportamento dos outros.

O homem utiliza essencialmente o lado esquerdo para falar. O cromossomo X é o responsável pelas 7 milhões de células em forma de cone que processam as cores. Como possui dois cromossomos X, a mulher tem maior variedade de cones e por isso descreve mais detalhadamente as cores. Também os sentidos do paladar e do olfato são superiores nas mulheres. Por terem o centro da fala em ambos os lados do cérebro, as mulheres são boas de papo. Como a fala é restrita a áreas específicas, o cérebro fica livre para executar outras tarefas. Por isso as meninas aprendem mais facilmente vários idiomas e têm mais facilidade em gramática, ortografia e pontuação.

Mulheres têm visão periférica mais ampla, homens têm visão tipo túnel. A mulher, como guardiã da cria, tem um campo visual de pelo menos 45 graus de cada lado da cabeça e acima e abaixo do nariz. O homem, como caçador, precisava ser capaz de identificar e perseguir alvos distantes. Em viagens longas, as mulheres devem dirigir de dia e os homens à noite. A mulher precisa entender que para ser ouvida deve apresentar com clareza uma idéia por vez ao homem. Também não deve interrompê-lo. Avisar que quer ser escutada e organizar a pauta. Se um homem se fecha, deixe-o em paz. Se é a mulher que se cala, atenção: o problema é grave e exige uma conversa séria. A mulher que, à noite, fala sem parar só esta “gastando” as palavras que sobraram de sua cota diária.

Os homens evoluíram como caçadores e não como comunicadores. Durante a caça, só utilizava sinais não verbais e muitas vezes ficava horas e mais horas em silêncio à espera da presa. Em pescarias, também fica muito tempo imóvel, sem falar. Reuniões de mulheres é diferente: se estiverem caladas, é sinal de problema grave. Homens só aceitam mais proximidade quando o compartimento de seu cérebro onde fica a comunicação se abre - depois de muitas doses de bebida. Durante a ereção a concentração é tanta, que ficam praticamente surdos.

As mulheres preferem falar com outra pessoa olhando nos olhos. Seja em conversas ligeiras, ou em conversas mais sérias, as mulheres gostam de se comunicar encarando de frente. E elas obtêm mais intimidade com essa postura. É um gesto adquirido da mãe. Ela pega a criança no colo, volta seu rosto para encará-la e fala com a criança. Trata-se de um reflexo adquirido. Por milhões de anos as mulheres seguram seus bebês em frente a suas faces: ninando, dando bronca, ensinando e conversando.

Os homens preferem se comunicar sem encarar. Eles se comunicam de lado, seguindo uma tradição que viria do tempo em que eram apenas caçadores e esperavam sua presa nos arbustos, falando com seus companheiros que estavam ao seu lado. Repare como é mais fácil se comunicar com um homem sentado ao lado dele num carro, ou andando na rua, passeando; ou pescando. No fundo é isso: tudo é como se os homens estivessem caçando mamute, de cócoras, atrás de um arbusto.

Quando a mulher gosta do homem, conversa bastante. O mais importante para ela é servir e conhecer gente interessante. Quanto mais culto o indivíduo, menos sexo ele faz. Os homens acham que são mais práticos; as mulheres sabem que são elas. Os homens mudaram pouco, mas as mulheres não. Optaram por seguir carreira porque querem coisas que os homens têm: dinheiro, prestígio e poder. Quem quer subir precisa conhecer as prioridades masculinas, mas o sistema de valores femininos funciona bem melhor quando se busca eficiência, harmonia e sucesso.

Já foi verificado que o homem consegue intimidade fazendo coisas lado a lado. O modo como praticam esportes, jogando lado a lado; ou o prazer que sentem assistindo a um filme ou televisão ao lado de alguém. Quando psicólogos pedem para homens sentarem e conversar, há uma tendência a que eles se sentem lado a lado, é muito raro que eles escolham posições se encarando frente a frente. Isso é observado até em meninos pequenos. Tanto que existem vários psicólogos que começaram a fazer análises de pacientes masculinos sem sentarem-se de frente para eles, mas sim procurando uma posição mais de lado.

Quando um homem brinca com um bebê, ele muito provavelmente vai levantar e abaixar seguidas vezes a criança, e depois virá-la - como se fosse para ela “ver” o mundo sob seu ponto de vista. O homem tem a tendência de mudar a posição da criança para que ambos observem o mundo em dupla. As mulheres, ao contrário disso, costumam segurar o bebê em frente de seu rosto, brincam e falam com ele sempre encarando de frente.

Nossa identidade sexual se forma entre 6 e 8 semanas após a concepção. Se um feto do sexo masculino (XY) recebe menos hormônios (androgênios) para configurar seu cérebro do que a proporção necessária, nascerá um menino com cérebro masculino e algumas capacidades e padrões de pensamento tipicamente femininos. Se receber muito menos hormônios, terá o cérebro com estrutura e pensamento essencialmente femininos e provavelmente será homossexual. Mais de 15% dos homens têm cérebros femininos; 10% das mulheres têm cérebros masculinizados. A homossexualidade é genética, não depende de escolha. Para cada lésbica há de 8 a 10 gays. Entre os adolescentes suicidas 30% são homossexuais.

Os homens são mais focados. Eles compartimentam o meio ambiente e são mais propensos a fazer as coisas passo a passo. Um clássico comportamento do homem - que virou motivo de piadas em cartuns - é o do sujeito lendo jornal que não escuta nada daquilo que a mulher está lhe falando. As mulheres pensam imediatamente que o homem é grosseiro. O problema é que os homens são mais focados: quando eles lêem jornal, eles apenas lêem jornal, e fim de papo.

Os homens ouvem como estátuas. O objetivo biológico do guerreiro era ouvir impassível, sem demonstrar emoção. Essa máscara é usada para fazer com que se sintam donos da situação, não significando que sejam insensíveis. O homem não é bom leitor de mentes. A mulher é 3% mais inteligente, embora possua cerca de 3 bilhões de neurônios a menos. A gagueira é um problema quase exclusivamente masculino e há sete meninos para duas meninas nas classes de recuperação da alfabetização.

O homem tem mais de 10 vezes mais testosterona que a mulher. No organismo masculino ela vem em ondas, de cinco a sete vezes por dia. Daí que consegue fazer sexo a qualquer hora e em qualquer lugar. O homem de voz grave tem mais do dobro de ejaculações que o tenor. 74% dos meninos usam a agressão para resolver um problema. 78% das meninas se afastam ou negociam.

O homem que chega em uma festa vai procurar a mulher “ideal” com base na testosterona - belas pernas, bundinha arrebitada, seios empinados, relação em torno de 70% entre cintura e quadril (são mais férteis e saudáveis), ainda que estejam gordinhas e assim por diante. Em algum ponto da evolução, o homem aprendeu a calcular inconscientemente essa medida, e agora traz esse conhecimento instalado no cérebro.

Somos descendentes dos melhores caçadores e das melhores coletoras. Assim, continuamos a repetir o comportamento que tínhamos há milhares de anos. Por isso, ao chegar em casa, o homem apropria-se do controle remoto da televisão e muda de canal sem parar. Claro que não dá tempo para perceber os programas. O que importa é “matar” os canais - ter o controle sobre o aparelho. Por isso, milhões de anos depois, estão aí, as mulheres coletando muitas coisas em shoppings, supermercados, lojas e feiras. E como elas são boas nisso!

A mulher infeliz no relacionamento não consegue se concentrar no trabalho; o homem insatisfeito no trabalho não consegue se concentrar no relacionamento. Mulheres não se importam de admitir erros porque isso é uma forma de aproximação e demonstração de confiança. O homem passou um milhão de anos não querendo ser visto como um fracasso, daí sua dificuldade em pedir perdão e admitir críticas. Meninas buscam relacionamento e cooperação; meninos buscam poder e status.

As mulheres que usam variedade de roupas íntimas sensuais têm companheiros mais fiéis. É a adaptação da relação monogâmica à necessidade masculina de variar. O cérebro masculino precisa de variedade. Ele engana a si mesmo e finge que tem um harém ao ver sua mulher vestida com diferentes roupas sensuais. Para fazer sexo as mulheres precisam de motivo; os homens precisam de lugar.

Paixão é o estágio em que o outro fica “martelando” na cabeça. Nesse momento o cérebro só focaliza as qualidades e ignora os defeitos. As pessoas apaixonadas são mais saudáveis. A principal substância química que provoca os sintomas da paixão é a feniletilamina, da família das anfetaminas, encontrada no chocolate e que estimula o centro do amor no cérebro da mulher. Já o champagne contém uma substância química não encontrada em outra bebida, que aumenta o nível de testosterona. Os hormônios masculinos, em especial a testosterona são chamados hormônios da agressão. Criaturas com os mais altos níveis de testosterona dominam o reino animal.

A paixão quase sempre retratada como a arrebatação que envolve os sentidos e emudece a razão, não passa de um truque biológico da natureza que tem como único e nobre objetivo a união entre homem e mulher pelo tempo suficiente para procriar (perpetuação da espécie). O romantismo, as melosas declarações de amor, o tufão que invade todas as células e causa destruições, são tão somente reações químicas causadas pela produção e secreção de substâncias que fluem cérebro para a corrente sangüínea. A cultura mascara a tendência biológica, por isso há exceções a regras de comportamento.

Cerca de metade dos casamentos acaba em divórcio e os relacionamentos mais sérios não duram muito. Considerando as relações não oficiais e as uniões homossexuais, os divórcios chegam a cerca de 70%. Os casamentos encurtaram depois que o amor entrou na história. Durante muitos séculos, as uniões duravam porque não existia expectativa de romance ou de prazer sexual. Ninguém se decepcionava. O marido tinha de prover e respeitar. A esposa tinha de ser boa dona de casa e boa mãe. No momento em que se passou a procurar realização afetiva e prazer, o casamento melou.

No homem a emoção se posiciona no hemisfério direito e por isso opera independente de outras funções cerebrais. Na mulher a emoção está presente numa região bem mais ampla de ambos os hemisférios e opera junto com outras funções. O cérebro feminino tem os centros da emoção e da razão melhor conectados e a mulher não perde o controle por causa da testosterona. Normalmente a mulher é que termina o relacionamento, deixando o homem confuso. Mais de 90% dos casamentos começam por iniciativa masculina e mais de 80% terminam por iniciativa feminina.

A mulher quer muito sexo com o homem que ama. O homem quer muito sexo. O homem se estimula com o que vê; a mulher, com o que ouve. O homem precisa fazer sexo antes de entrar em sintonia com seus sentimentos. A mulher precisa de sentimento antes de fazer sexo. A mulher se estimula com romance, compromisso, comunicação, intimidade e toque não-sexual. O homem, com pornografia, nudez, variedade, roupas íntimas e disponibilidade da mulher.

Quando a mulher vai para a cama com um homem é porque tem uma ligação emocional com ele. Se ela tiver um caso e disser que não significou nada, provavelmente estará mentindo. Para a mulher, amor e sexo estão entrelaçados. Enquanto a mulher faz amor, o homem faz sexo. A mulher que muito sexo com o homem que ama. O homem quer muito sexo.

O centro do sexo fica no hipotálamo, que é maior no homem que na mulher, homossexuais e transexuais. 37% dos homens pensam em sexo a cada 30 minutos. Só 11% das mulheres apresentam a mesma freqüência. A mulher irá procurar um homem sensível e carinhoso, personalidade forte e com silhueta em V - ombros largos, cintura estreita e braços fortes, que são os pré-requisitos para um bom caçador.

O namoro é a fase de relacionamento em que o homem mais toca a mulher. Na verdade, está louco para “pôr as mãos nela”, mas ainda não recebeu o sinal verde para as carícias mais íntimas. Então, toca em todos os lugares permitidos. Depois que “avança o sinal”, não vê mais motivo para voltar aos velhos tempos e se concentra só no que ele considera as “partes melhores”. Durante o namoro, ele conversa bastante, colhe informações - fatos e dados sobre a namorada - e fala sobre si mesmo. Depois de casado, acha que já sabe tudo o que precisava saber e não vê necessidade de muito papo.

Os homens têm um comportamento semelhante ao dos animais. O processo de escolha do parceiro não passa pela consciência, é uma decisão das partes primitivas do cérebro. Ocorre da seguinte maneira: (1º) O imperativo reprodutivo, necessidade de deixar cópias genéticas da melhor maneira possível, é o fator que determinaria a escolha do par; (2º) o olho visualiza e seleciona a pessoa; (3º) a visão do ser escolhido detona a produção e a secreção de neuroquímicos; (4º) os neuroquímicos fluem do cérebro para a corrente sangüínea em substâncias como a dopamina, a norepinefrina, a feniletilamina e a endorfina; (5º) há reações no corpo, como pele enrubescida, mãos frias e trêmulas, respiração alterada, coração disparado, estado de alegria e torpor; (6º) a partir de critérios biológicos e culturais, o par se uniria; (7º) a mulher engravida. A reprodução humana caracterizada por uma prole pequena e um grande desgaste energético. O bebê é frágil e demora para se tornar independente; (8º) a mulher precisa de ajuda para cuidar dos filhos. A estrutura familiar surge para suprir essa carência; (9º) o amor aparece para que o macho volte para a fêmea depois da cópula e da gravidez.

Fontes:
BLAIR, Dique. A lógica de puppeteer. Internet.
CAMINHA, Renato. Amor pode ser um truque da natureza. ZH de 03/10/1998.
NOBREGA, Clemente. O glorioso acidente. Editora Objetiva.
PEASE, Alan e Barbara. Por que os homens fazem sexo e as mulheres fazem amor?
PROPATO, Valéria. Casamento ou tesão. Internet.
SPRIGGS, William. O que é psicologia evolutiva? Internet.
WRIGHT, Robert. O animal moral. Editora Campus.
ZAMORA, Renato. Amor pode ser um truque da natureza. ZH de 03/10/1998.­­­

Os padrões da sensualidade

Muitos rapazes são enganados pela visão de “mulheres desregradas ou, no mínimo, vulgares e de baixo nível”. E embarcam no casamento com idéias exageradas sobre satisfação sexual. Não compreendem que “as melhores mães, esposas e donas-de-casa, pouco ou nada entendem de prazeres sexuais. O amor ao lar, aos filhos e às tarefas domésticas são as únicas paixões que sentem”. Algumas mulheres que se consideram excelentes esposas e mães podem ter outra opinião. E podem ter fortes argumentos a seu favor. Ainda assim, a idéia de que há algumas diferenças entre apetites sexuais masculino e feminino típicos, e que o apetite sexual masculino é menos exigente, recebe forte respaldo do novo paradigma darwinista. Aliás, a premissa recentemente popular que homens e mulheres têm basicamente naturezas idênticas conta cada dia com menos defensores. Deixou de ser, por exemplo, uma doutrina central do feminismo. Uma escola inteira de feministas - as “feministas da diferença”, ou “essencialistas” - agora aceita que homens e mulheres são profundamente diferentes.

As mulheres promíscuas seriam bem-vindas como parceiras sexuais de curto prazo - e de certa forma até preferíveis, pois pode-se conquistá-las com menos esforço. Mas não serviriam para esposas, por serem um conduto duvidoso para investimento masculino em filhos. Podemos imaginar a corte, entre outras coisas, como um processo de classificar a mulher em uma categoria ou outra. O teste correria mais ou menos assim: se você encontra uma mulher que parece geneticamente apropriada para um investimento, comece a passar muito tempo com ela. Se parecer interessada em você, mas permanecer sexualmente indiferente, ela passou no teste. Se, por outro lado, parecer ávida para ter uma relação sexual imediatamente, então, por favor, faça sua vontade. Mas se você obteve sexo com tanta facilidade, talvez queira passar do modo investimento para o modo exploração. A avidez que ela demonstrou pode significar que sempre será facilmente seduzida - uma qualidade indesejável em uma esposa. Naturalmente, no caso de uma determinada mulher, a avidez sexual pode não significar que ela sempre será facilmente seduzida: talvez seja você o único homem irresistível. Mas se existir correlação geral entre a rapidez com que a mulher sucumbe e a sua probabilidade de vir a enganá-lo, então essa rapidez é um indício estatisticamente válido para uma questão de enorme conseqüência genética.

Há uma teoria segundo a qual algumas mulheres são inatamente propensas a perseguir a estratégia do “filho sexy”: cruzam promiscuamente com homens sexualmente atraentes (bonitos, inteligentes, musculosos, e assim por diante), pondo em risco o alto investimento masculino nos filhos que poderiam obter se fossem mais santas, e tivessem a probabilidade de terem filhos como os pais, atraentes e, portanto, prolíficos. Quanto mais atraente for uma adolescente, tanto maior a sua probabilidade de “casar bem” - casar com um homem de condições sócio-econômica mais elevada. Quanto mais ativa sexualmente for uma adolescente, tanto menos possível que isto ocorra. Um macho rico de condição social elevada em geral tem à escolha uma ampla gama de candidatas a esposa. Portanto tende a escolher uma mulher bonita que é também relativamente santa. Em outras palavras, talvez as adolescentes que recebam desde cedo uma resposta social confirmando sua beleza, tirem partido disso, e se tornem sexualmente reservadas, encorajando, assim, os investimentos de longo prazo de machos de posição elevada que procuram santas bonitas.

As mulheres menos atraentes, com menores chances de acertar na loteria por meio de reserva sexual, tornam-se promíscuas, e extraem pequenas parcelas de recursos de uma série de homens. Embora tal promiscuidade possa, de certa maneira, reduzir o valor dessas mulheres como esposas, não teria, no ambiente ancestral, anulado suas chances de encontrar um marido.

A promiscuidade está instalada no cérebro masculino, é uma herança da evolução. Através da história, os homens morreram em guerras e mais guerras. Assim, fazia sentido tentar de qualquer jeito aumentar a população. Sempre voltavam menos guerreiros. Mas os sobreviventes tinham à sua disposição cada vez mais viúvas, criando um harém que servia muito bem à estratégia de preservação da espécie.

Esta imagem da mulher moderna passada pela mídia, a devoradora de homens e maníaca por sexo, é uma criação do imaginário masculino e não corresponde a 1% da população feminina. Como muitas mulheres não conseguem corresponder às imagens que vêem, começam a pensar que não são normais. E os homens, estimulados a acreditar no grande apetite sexual feminino, ficam aborrecidos e frustrados se suas parceiras não tomam a iniciativa com freqüência. A mulher tem a mesma necessidade de sexo de suas mães e avós, só que estas reprimiam e não falavam sobre o assunto.

Os homens podem reproduzir centenas de vezes por ano, presumindo que consigam persuadir mulheres suficientes a cooperar, e presumindo que não existam leis contra a poligenia - o que com certeza não havia no ambiente onde grande parte de nossa evolução ocorreu. As mulheres, por outro lado, não podem reproduzir mais que uma vez por ano. A assimetria reside parcialmente no alto custo dos ovos; em todas as espécies eles são maiores e em menor número do que os minúsculos espermatozóides produzidos em massa. Assim, mulheres têm que ter cuidado com a forma de gastá-los. Nove meses de investimento, sem contar, os cuidados, o tempo e a energia que terão de ser investidos na cria depois.

Mulheres, por instinto, devem ser cuidadosas. Mais que os homens. Nada de sair comprometendo óvulos por aí, porque o investimento que terão de fazer mais tarde é incomparavelmente maior que o deles. Dar à luz uma criança exige um enorme investimento de tempo, sem falar da energia, e a natureza estabeleceu um baixo patamar para o número de projetos do gênero que ela pode realizar. Assim cada criança, do ponto de vista (genético), é uma preciosa máquina de genes. Sua capacidade de sobreviver e, por sua vez, produzir a própria máquina de genes, tem uma enorme importância.

Faz sentido em termos darwinistas, então, que uma mulher seja seletiva com relação ao homem que vai ajudá-la a construir sua máquina de genes. Para a fêmea, “a cópula pode significar o compromisso com um encargo prolongado, tanto no sentido mecânico, quanto fisiológico, com as suas conseqüentes fadigas e perigos”. Portanto é de seu interesse genético “assumir os encargos da reprodução” apenas quando as circunstâncias parecem propícias. E “uma das circunstâncias mais importantes é o macho inseminador”; uma vez que “pais excepcionalmente aptos tendem a gerar filhos excepcionalmente aptos”, é “vantagem para a fêmea escolher o macho mais apto disponível...”. Donde a corte: “a publicidade que o macho faz de sua aptidão”. E da mesma forma que é vantajoso para ele fingir ser extremamente apto, quer seja, quer não, é vantajoso para a fêmea identificar sua falsa publicidade.

Assim sendo, a seleção natural cria “um sofisticado talento para vendas nos machos e uma sofisticada discriminação e resistência à vendas nas fêmeas”. Em outras palavras: os machos devem, em teoria, tender ao exibicionismo (avidez) e as fêmeas ao resguardo (recato). Se aceitarmos ao menos três modestas afirmações - (1) que a teoria da evolução natural implica diretamente a “aptidão” das mulheres que são seletivas com relação a seus parceiros sexuais e dos homens que em geral não o são; (2) que a presença e ausência dessa seletividade são observadas em todo o mundo; e (3) que tal universalidade não pode ser explicada com igual simplicidade por uma teoria concorrente e puramente cultural - e se estivermos jogando de acordo com as normas da ciência, teremos que endossar a explicação darwinista: a licenciosidade masculina e o (relativo) recato feminino são até certo ponto inatos.

Mulheres tendem a ser, como regra geral, exigentes e chatas na escolha de seus homens. Mas não podem ser exigentes e chatas demais, senão não copulam, e adeus genes! O mesmo risco correm os homens afoitos ansiosos por copular e engravidar todas as mulheres do mundo. Se desenvolverem uma reputação de copular e abandonar a fêmea sem ajudar, um pouco que seja, no cuidado da cria, correm o risco de ficar a ver navios. Acabarão sendo rejeitados, preteridos por outros homens mais “geneticamente corretos”, e seus genes não se propagarão. A tentação da trapaça na relação macho-fêmea existe, mas o jogo não é necessariamente de soma zero. Isto é: não é necessário que alguém perca para que alguém possa ganhar. Ambos - macho e fêmea - querem propagar seus genes, portanto, ambos podem ganhar. Algum tipo de estratégia de cooperação deverá se desenvolver. Por interesse.

A seleção natural acaba provocando o aparecimento de comportamentos de equilíbrio. Essas são as estratégias que acabam levando ao compromisso entre os interesses - naturalmente egoístas - de macho e fêmea. Assim, o jogo do sexo é inerentemente conflituoso; ele foi embutido nas psicologias de homens e mulheres à imensidão do tempo evolucionário. O que engendra esse conflito é a diferença essencial entre ambos: espermatozóides são abundantes e baratos; óvulos são poucos e caros.

Fontes:
BLAIR, Dique. A lógica de puppeteer. Internet.
NOBREGA, Clemente. O glorioso acidente. Editora Objetiva.
PEASE, Alan e Barbara. Por que os homens fazem sexo e as mulheres fazem amor?
WRIGHT, Robert. O animal moral. Editora Campus.

8 de dezembro de 2008

Pensamentos e reflexões

1) No princípio era o verbo. Ou melhor, no princípio era o gene. Enquanto a coisa se resumia a isso, estava tudo bem. O problema foi a ordem que veio depois: “crescei e multiplicai-vos”. Esta ordem domina o movimento da vida. A principal, é o mais desenfreado egoísmo. Um egoísmo genético, que nos torna prisioneiros de dilemas sem fim. Que nos faz jogar jogos em que vencer não tem nada a ver com o que consideramos vencer. (do Livro O Glorioso Acidente, de Clemente de Nobrega)

2) O DNA, Deus não anteviu. E por ter notado sua desatenção, logo em seguida tentou consertar. Inspirou religiões, códigos de conduta, mandamentos e livros sagrados. Mas não adiantou, o DNA já havia registrado a ordem. Daí um mundo estranho e perverso. Daí um ser humano demasiadamente egoísta, um homem que é o “lobo do homem”. Daí o porquê tantas guerras, tanta malícia e tanta crueldade. (do Livro O Glorioso Acidente, de Clemente de Nobrega)

3) Em um certo momento da história evolutiva deste Universo, há cerca de quatro bilhões de anos atrás, eclode a vida, cuja definição é um pouco complicada já que não há substância, objeto ou forças especiais que possam ser identificadas com a vida. De uma maneira bem geral, ela é um processo químico de auto-replicação. Moléculas capazes de fazerem cópias de si próprias. A função da vida, para os biólogos, não é louvar ou espelhar a divindade de algum modo. “A função da vida é, apenas, de continuar existindo e se multiplicando”. Essas copiadoras não foram extintas, e hoje são as donas da arte da sobrevivência. Não devemos imaginá-las, porém flutuando ao léu no mar, pois há muito tempo abandonaram seus hábitos errantes. (do Livro O Glorioso Acidente, de Clemente de Nobrega)

4) Agora formam vastas e fervilhantes colônias bem abrigadas dentro de gigantescos e desajeitados robôs, de onde manipulam o mundo exterior por controle remoto. Elas estão em todos nós; “foram elas que criaram nosso corpo e nossa mente, e sua preservação é a única razão de nossa sobrevivência”. Foi muito longo o caminho percorrido por essas copiadoras. Agora elas são conhecidas pelo nome de gene, e somos nós as máquinas que possibilitam a sua sobrevivência. Somos máquinas de sobrevivência, descartáveis, para nossos “genes imortais”. O homem é uma máquina para os genes, um veículo-robô, programado para preservar os seus genes egoístas. O mundo dessa máquina de genes é um mundo de feroz competição, de exploração impiedosa, de falsidade. Pode-se ver isso não apenas nas agressões entre rivais, mas também nas lutas, mais sutis, entre as gerações e entre os sexos. Parece que deus foi muito inspirado quando criou tais atrocidades. (do Livro O Glorioso Acidente, de Clemente de Nobrega)

5) Essas máquinas de sobrevivência foram criadas sem projeto ou projetista; pelo processo cego da seleção natural. Esse processo é totalmente indiferente à dor, ao sofrimento, à maldade, à bondade, à beleza, à feiúra ou a qualquer outra coisa que possamos valorizar. Ela não tem propósito ou finalidade. Não atua com objetivo de gerar nós, humanos. Ela não “pretende” chegar a nada em particular; não planeja, não olha para frente, não prevê... É indiferente. Não é um processo cruel ou frio. Não é adequado usar adjetivos para qualificá-lo. Ele não é bom nem mau. No seu automatismo e cegueira, a seleção natural acaba permitindo que apenas os genes aptos a gerar veículos capazes de perpetuar a eles próprios sobrevivam. É por isso que caímos na tentação de dizer coisas como: a seleção natural age para perpetuar os genes aptos a se replicar, como se ela tivesse uma intenção. A reação de qualquer pessoa normal ao contemplar as extraordinárias sutilezas envolvidas no funcionamento de um olho é dizer: “não posso acreditar que essa coisa magnífica tenha surgido sem um projeto. Não é lógico que um resultado desses tenha surgido sem previsão, sem planejamento”. (do Livro O Glorioso Acidente, de Clemente de Nobrega)

6) Nossas mentes não foram criadas para encontrar o sentido de sua existência no mundo, e sim para garantir a sobrevivência dos genes. Se por acaso nos tornamos especulativos e insistimos em filosofar, “é totalmente por nossa conta e risco”. Por isso tanta incongruência. Como somos tão evoluídos e não conseguimos entender o sentido da vida? Parece que sempre falta uma explicação mais convincente, que dê conta de nossas angústias. (do Livro O Glorioso Acidente, de Clemente de Nobrega)

7) A história da humanidade é um desastre contínuo. Nunca houve nada que se parecesse com um momento de paz. Se ainda fosse só a guerra, em que as pessoas se enfrentam ou são obrigadas a se enfrentar… Mas não é só isso. Esta raiva que no fundo há em mim, uma espécie de raiva às vezes incontida, é porque nós não merecemos a vida. Não a merecemos. Não se percebeu ainda que o instinto serve melhor aos animais do que a razão serve ao homem. O animal, para se alimentar, tem que matar o outro animal. Mas nós não, nós matamos por prazer, por gosto. Se fizermos um cálculo de quantos delinqüentes vivem no mundo, deve ser um número fabuloso. Vivemos na violência. Não usamos a razão para defender a vida; usamos a razão para destruí-la de todas as maneiras - no plano privado e no plano público. (José Saramago)

8) Não quero ofender ninguém, mas Deus não existe. Salvo na cabeça das pessoas, onde está o diabo, o mal e o bem. Inventamos Deus porque tínhamos medo de morrer, acreditávamos que talvez houvesse uma segunda vida. Inventamos o inferno, o paraíso e o purgatório. Quando a igreja inventou o pecado, inventou um instrumento de controle, não tanto das almas, porque à igreja não importam as almas, mas dos corpos. (José Saramago)

9) Algumas pessoas acreditam em alma gêmea, anjos, destino, duendes, espíritos, fadas e extraterrestres, enfim, coisas que escravizam o ser humano, limitam o poder de decisão do indivíduo. Já o homem livre, sabe que sua existência se constrói, dia após dia, cedendo, conquistando, dialogando, tolerando e trabalhando intensamente. E caso fracasse, a responsabilidade é sua, não do além. Reconhece sua ignorância, suas limitações, mas evolui por tentativa e erro, se adaptando rapidamente às novas situações. Não se fixa em conceitos hoje tidos como verdades absolutas, nem deposita a direção de sua vida em mãos alheias. Deixar seu futuro a cargo de um ser superior representa eximir-se de responsabilidade e culpa. (Rodrigo C. dos Santos)

10) Egoísmo é nada mais que seguir sua lista de preferências individuais, ou seja, colocar os seus interesses particulares antes dos demais. No mundo hipócrita em que vivemos, onde predomina o “politicamente correto”, esses conceitos foram deturpados, e o egoísmo, ou o foco nos interesses pessoais, ganhou significado pejorativo, negativo, enquanto o irracional altruísmo passou a ser visto como nobre. Mas os conceitos criados por homens não conseguem alterar a natureza humana, e esta simplesmente não é altruísta de fato. (Rodrigo C. dos Santos)

11) Mesmo entre diversos animais, algumas atitudes são vistas como altruístas, mas ocorrem na verdade para a maximização dos interesses particulares. Alguns chamam isso de altruísmo recíproco. Morcegos com excesso de sangue numa boa caçada “doam” parte para outros. Mamíferos atuam como babás de filhotes enquanto os machos caçam. Tudo isso pode ser explicado pela ótica individualista, pois o mundo não é um lugar de soma zero, onde para um ganhar o outro precisa necessariamente perder. As trocas acontecem, pois são vantajosas para ambas as partes. E se isso é normal no mundo dos animais irracionais, imagina entre homo sapiens! (Rodrigo C. dos Santos)

12) A mente humana, normalmente, trabalha para confirmar teorias, buscar conforto, e não necessariamente a verdade. Partindo de um objetivo pré-definido, mesmo que a nível inconsciente, o cérebro fará o possível para “provar” o que o indivíduo a priori já acreditava. São poucos os que conseguem manter uma boa honestidade de avaliação, bastante imparcial e isenta de emoções, que acabam controlando a razão. A grande maioria simplesmente deixa-se enganar pela necessidade da crença já concebida, e será bastante seletivo no julgamento dos fatos, descartando os que agridem a teoria inicial. Se os fatos não ajudam a teoria, trocam-se os fatos! (Rodrigo C. dos Santos)

13) Se alguém afirma ser testemunha de um milagre, iremos automaticamente aplicar os ensinamentos de Karl Popper. Vejamos aquele indivíduo que estava para morrer, e de repente, sem uma clara compreensão médica, se recupera “através da fé”. Prova de milagre? De forma alguma. No máximo, prova da ignorância dos homens, com capacidade ainda bem limitada para entender de tudo. Quem tem necessidade em acreditar no milagre, vai parar seu julgamento na constatação da raridade “inexplicável”. Alguém mais cético vai perguntar quantos outros não estavam na mesma situação, com fé, e morreram mesmo assim. Vai indagar ainda quantos sem fé alguma não conseguiram se safar sem explicação médica também. E por fim, vai questionar quanta gente escapou da morte sem aparente explicação imediata, apenas para a medicina chegar a uma resposta científica depois. (Rodrigo C. dos Santos)

14) Nunca fomos competentes o bastante para interpretar, com total clareza, os mistérios da existência humana. Então, recorremos as artes, ciências e religiões para preencher nossos anseios. Nossos ancestrais escreviam nas cavernas e nós usamos nossas telas de computador, mas ambos criamos histórias, narrativas que nos tranqüilizem. Para registrá-las, inventamos códigos, signos e linguagens. (Thomas Hohl)

15) Histórias de espiritismo, de vida após a morte e as várias versões das religiões para isso são mecanismos que criamos para lidar com nosso problema mais fundamental, que é a mortalidade. Usar a ciência para justificar a existência ou não da alma nunca vai dar certo. No século XVII, o que se chamava de eu, a pessoa, vinha da alma. Quando a pessoa morria, a alma ia embora e o corpo ficava. Toda a noção de ser humano era relacionada à existência ou não dessa faísca divina. Aristóteles achava que a alma ficava no coração, assim como os egípcios. Não se sabia que o centro era na cabeça. Hoje, a gente sabe que não tem alma e que o cérebro é um organismo extremamente complexo. (Marcelo Gleiser)

16) Se não há provas da existência de Deus, também não há provas de que ele “não exista” e nenhum ateísta se engajará de buscar as provas de uma “não existência”, uma vez que não há meios de provar que algo não existe. (Lígia Amorese Gallo)

17) O ceticismo oferece um mundo sem magia, sem poesia. Um universo técnico, cheio de complicadas teorias, onde a vida é fruto de uma seqüência de eventos caóticos, além do ameaçador acaso e as frias leis da natureza reinarem imponentes. Isso não significa necessariamente que um ateu não possa ver beleza na vida e no universo, mas ele concebe que o belo não nasce no objeto e sim no observador. A poesia e a beleza, não são características intrínsecas das coisas. (Leonardo Vasconcelos)

18) Ser ateu é valorizar a razão em detrimento da emoção. Ser forte o bastante para encarar as coisas sem maquiá-las. Não assumir que algo é verdadeiro simplesmente porque assim a vida seria mais confortável ou suportável. Conceber que a morte é o fim derradeiro, por isso, o que tem de ser feito será feito nesta vida, pois é a única! (Leonardo Vasconcelos)

19) Muitos pensam que sem religião não há moral, entretanto, havia moral muito antes de haver religião. Os filósofos primeiros eram materialistas assim como os homens primitivos. Seus deuses eram materiais. O sol, a lua, o trovão e o raio. Depois, como disse Voltaire, “o primeiro espertalhão encontrou o primeiro tolo” e a religião começou. (Luis Dantas)

20) Moral e Ética são posturas absolutamente necessárias, que são de fato mais fáceis de definir, compreender e aceitar quando se dispensa o conceito de divindade. Ética é a definição do que é “certo” ou válido; Moral é a aplicação dessa definição ética a situações concretas. A moralidade é simplesmente o que não causa mal aos outros. A bondade resume tudo. Isso também engloba respeito por nosso planeta, incluindo os outros animais e princípios de igualdade. (Luis Dantas)

21) Epicuro, que viveu 400 anos antes de Cristo, fundou uma escola que durou mil anos. Ensinava a ter hábitos moderados, a selecionar os desejos preferindo atender aos desejos naturais e necessários, a manter e cultivar a amizade, e a evitar o temor dos deuses e a aceitar a realidade da morte. Os homens podem ser bons sem a mediação de religiões. Não é preciso ter medo do castigo para agir bem. (Wellington L. Moura)

22) Filósofos há que escreveram explicando porque é bom ser bom. Aliás, é muito sensato agir bem. “A vida reta é garantia da liberdade”. Esse pensamento não cita deuses. E é um dos provérbios de Salomão. Há religiões sem deuses, como é o caso do budismo, embora alguns tenham transformado Buda num deus. Recentemente, o Papa descreveu o budismo como uma forma de materialismo. E está certíssimo. O budismo é uma série de normas de conduta para o bem viver e conviver. (Wellington L. Moura)

23) Como seres humanos, nós somos animais sociais. Nossa sociabilidade é o resultado de evolução, não de escolha. A seleção natural nos equipou com um sistema nervoso que é peculiarmente sensível ao estado emocional de nossos semelhantes. Entre nossa espécie, emoções são contagiosas, e são raros os mutantes psicopatas entre nós que podem ser felizes no meio de uma sociedade triste. Está em nossa natureza sermos felizes no meio de felicidade, tristes no meio de infelicidade. Está em nossa natureza, felizmente, procurar por felicidade para nossos semelhantes ao mesmo tempo que procuramos para nós mesmos. (Frank R. Zindler)

24) Darwin, durante a evolução humana, afirmou em “The descent of man”, a medida que a capacidade de raciocínio e previsão se aperfeiçoam, os homens não tardariam a aprender por experiência que se ajudassem seus iguais, normalmente receberiam ajuda em retribuição. Por esse motivo mesquinho o homem talvez tivesse adquirido o hábito de ajudar seus iguais; e o hábito de praticar boas ações certamente fortalece o sentimento de solidariedade, que dá o primeiro impulso às boas ações. (Robert Wright)

25) A Gratidão faz as pessoas pagarem os favores sem pensar muito que é isto que estão fazendo. E se sentimos mais compaixão por determinadas pessoas - pessoas, por exemplo, a que somos gratos - isto pode nos levar, de novo quase inconscientemente, a retribuir o ato de bondade. Enquanto na seleção de parentesco o “objetivo” de nossos genes é realmente ajudar outro organismo, no altruísmo recíproco o objetivo é deixar aquele organismo sob a impressão de que o ajudamos; a simples impressão é suficiente para suscitar a retribuição. (Robert Wright)

26) Em princípio, conduzimos nossas vidas como se a felicidade fosse o objetivo do jogo. (Até as pessoas que praticam uma rigorosa abnegação geralmente o fazem em nome de uma futura felicidade, seja aqui seja no além). E uma vez que cada um de nós admita que, sim, acreditamos que a felicidade é basicamente algo de bom, algo que não gostamos que seja pisoteado sem razão, torna-se difícil negar aos demais o mesmo direito sem parecer um tanto arrogante. (Robert Wright)

27) Na regra de ouro de Jesus de Nazaré, lemos todo o espírito da ética da utilidade. Fazer aos outros o que gostaríamos que nos fizessem, e amar ao próximo como amamos a nós mesmos, constituem o ideal de perfeição da moralidade utilitarista. (John Stuart Mill)

28) Toda a nossa ciência, comparada com a realidade, é primitiva e infantil - e, no entanto, é a coisa mais preciosa que temos. (Albert Einstein)

29) Foi, é claro, uma mentira o que você leu sobre minhas convicções religiosas, uma mentira que está sendo sistematicamente repetida. Eu não acredito em um Deus pessoal e eu nunca neguei isso mas expressei claramente. Se existe algo em mim que pode ser chamado de religioso, esse algo é a admiração ilimitada pela estrutura do mundo tão longínqua quanto a nossa ciência pode revelar. (Albert Einstein)

30) Sou um descrente profundamente religioso. Isso é, de certa forma, um novo tipo de religião. Jamais imputei à natureza um propósito ou um objetivo, nem nada que possa ser entendida como antropomórfico. O que vejo na natureza é uma estrutura magnífica que só compreendemos de modo muito imperfeito, e que não tem como não encher uma pessoa racional de um sentimento de humildade. Um sentimento genuinamente religioso, que não tem nada a ver com misticismo. (Albert Einstein)

31) Quanto mais aprendemos, de menos deuses precisamos. A crença em Deus é somente a resposta de um mistério por outro mistério, dessa forma não respondendo nada. (Dan Barker)

32) Finalmente o homem sabe que está sozinho na imensidão indiferente do Universo, no qual emergiu por acaso. O acaso puro, só o acaso, liberdade absoluta, mas cega, na raiz mesma do prodigioso edifício da evolução. (Jacques Monod, prêmio Nobel de Biologia)

33) Não existe Criador nenhum nessa história. A vida é fruto de uma grande coincidência. Num determinado momento, alguns elementos químicos se combinaram e passaram a fazer cópias de si mesmos. O mesmo acaso que propiciou o surgimento da vida há três bilhões de anos faz com que ela se reproduza até hoje. (François Jacob, ganhador do prêmio Nobel de Medicina)

34) Quando o primeiro espertalhão encontrou o primeiro imbecil, nasceu o primeiro deus. (Millôr Fernandes)

35) Estamos mais perto de Deus quando fazemos perguntas do que quando pensamos que temos respostas. (Abraham Heschel, rabino)

36) Não acredite em qualquer coisa simplesmente porque você escutou. Não acredite em qualquer coisa simplesmente porque foi dito e fofocado por muitos. Não acredite em qualquer coisa simplesmente porque foi encontrado escrito em seus livros religiosos. Não acredite em qualquer coisa meramente na autoridade de seus professores e anciãos. Não acredite em tradições porque elas foram passadas abaixo por gerações. Mas após observação e análise, quando você descobre que qualquer coisa concorda com a razão e é condutivo ao bem e benefício de um e todos, então aceite e viva para isso. (Buda)

37) Desde que o universo tenha um começo, nós podemos supor que ele teve um criador. Mas se o universo é completamente autocontido, não tendo limite ou borda, ele não seria nem criado nem destruído. Ele simplesmente seria. Que lugar, então, existe para um criador? (Stephen Hawking)

38) A idéia de Deus nos dá a sensação de que existe alguém controlando nosso mundo inconsciente e irracional, o que acalma e nos faz acreditar que existe uma finalidade mesmo que a gente não entenda qual é. (Luciano Colella, psicanalista junguiano)

39) Deus deseja prevenir o mal, mas não é capaz? Então não é onipotente. É capaz, mas não deseja? Então é malevolente. É capaz e deseja? Então por que o mal existe? Não é capaz e nem deseja? Então por que lhe chamamos Deus? (Epicuro)

40) Não, nossa ciência não é uma ilusão. Ilusão seria imaginar que aquilo que a ciência não nos pode dar, podemos conseguir em outro lugar. (Sigmund Freud)

41) A humanidade recebeu três grandes golpes. Esses golpes atingiram em cheio a vaidade e o egocentrismo humano. O primeiro deles foi quando Copérnico (1473-1543) mostrou que a Terra não é o centro do universo, mas apenas mais um planeta que gira em torno do sol. O segundo foi quando Darwin (1809-1882) publicou “A Origem das Espécies”, que demonstrava que o ser humano não foi criado à imagem e semelhança de Deus, pois ele é o resultado da evolução das espécies, através da seleção natural. O terceiro foi a revelação do inconsciente trazido pela Psicanálise, que nos ensina que o comportamento humano é regido por mecanismos psicodinâmicos profundos e que o nosso ego não é tão independente quanto gostaríamos de pensar. (Sigmund Freud)

42) Somos animais extremamente sociáveis: somos no cerne libidinosos, gananciosos e de um modo geral egoístas e, no entanto, temos que viver educadamente com outros seres humanos - temos que alcançar nossas metas animais por meio de uma tortuosa via de cooperação, conciliação e contenção dos instintos, o que torna a nossa mente um lugar de conflito entre os impulsos animais e a realidade social. (Sigmund Freud)

43) As religiões são como pirilampos: só brilham na escuridão. (Sebastièn Faure)

44) Não acredito em Deus. Não credito a Deus nada do que fiz. Eu não teria dado a volta ao mundo se entrasse no barco e ficasse orando “ó, Deus, me leve!”. Eu acho importante ter uma religião mas tem que ter discernimento. (Amyr Klink)

45) Não é possível convencer um crente de coisa alguma, pois suas crenças não se baseiam em evidências; baseiam-se numa profunda necessidade de acreditar. (Carl Sagan)

46) A História está repleta de pessoas que, como resultado do medo, ou por ignorância, ou por cobiça de poder, destruíram conhecimentos de imensurável valor que em verdade pertenciam a todos nós. Nós não devemos deixar isso acontecer de novo. (Carl Sagan)

47) Habitamos um universo onde os átomos são formados no centro das estrelas, onde a cada segundo nascem mil sóis, onde a vida é lançada pela luz solar e acesa nos ares e águas dos planetas jovens, onde a matéria-prima para a evolução biológica é algumas vezes obtida de uma explosão de uma estrela na outra metade da Via-Láctea, onde algo belo como uma galáxia é formado cem bilhões de vezes, um Cosmos de quasars e quarks, flocos de neve e pirilampos, onde pode haver buracos negros, outros universos e civilizações extraterrestres cujas radiomensagens estão até este momento atingindo a Terra. Muito pálidas, pela comparação, são as pretensões das superstições e pseudociências; como é importante para nós nos dedicarmos a entendermos a ciência, este esforço caracteristicamente humano. (Carl Sagan)

48) Gostaria de acreditar que, ao morrer, vou viver novamente, que a parte de mim que pensa, sente e recorda vai continuar. Mas, por mais que deseje acreditar nisso, e apesar das antigas tradições culturais difundidas em todo o mundo que afirmam haver vida após a morte, não sei de nada que me sugira que essa afirmação não passa de wishful thinkin. (Carl Sagan)

49) Se 5 bilhões de pessoas acreditam em uma coisa estúpida, essa coisa continua sendo estúpida. (Anatole France)

50) O Mundo não se fez para pensarmos nele, mas para olharmos para ele e estarmos de acordo. Mas se Deus é as flores, as árvores, os montes, o sol e o luar, então acredito nele. Se Deus é as árvores, as flores, os montes, o luar e o sol, para que lhe chamo eu Deus? Chamo-lhe flores, árvores, montes, sol e luar; porque, se ele se fez para eu o ver, sol, luar, flores, árvores e montes. Se ele me aparece como sendo árvores, montes, luar, sol e flores, é que ele quer que eu o conheça como árvores, montes, flores, luar e sol. E chamo-lhe luar e sol, flores, árvores e montes, e amo-o sem pensar nele, e penso-o vendo e ouvindo, e ando com ele a toda a hora. (Fernando Pessoa)

51) Mesmo se Deus não existisse, mesmo se não houvesse nada depois da morte, isso não nos dispensaria de cumprir com o nosso dever de agir humanamente, às vezes por parentesco, às vezes por altruísmo recíproco, às vezes por interesse, às vezes por necessidade, mas sempre pela sobrevivência da espécie, no interesse dos genes. (do Evolucionismo)

52) Deus é um estado de espírito criado por nós mesmos dentro da nossa mente (consciência), onde reina paz e harmonia; em que tudo nos dá prazer; em que somos instigados a praticar as mais nobres virtudes; onde são elaborados os valores e mandamentos morais para aplicá-los nas diferentes situações; onde é apreciado o delito e aplicada a sentença. É um sentimento tão sublime que a humanidade o chama DEUS! é algo para ser sentido, e não visto. (do Evolucionismo)

53) Deveríamos, por respeito aos textos vistos como sagrados, impor silêncio à Ciência? Isso seria algo tão impossível quanto impedir a Terra de girar. As religiões, quaisquer que sejam, jamais ganharam coisa alguma sustentando erros evidentes. A missão da Ciência é descobrir as leis da natureza, ora, como essas leis são obras de Deus, elas não podem ser contrárias às religiões fundadas sobre a verdade. (...) Condenar o progresso, como atentatório à religião, é ir contra a vontade de Deus, sendo, por outro lado, trabalho inútil, uma vez que todas as maldições do mundo não impedirão que a Ciência avance, e que a verdade apareça. Se a religião se recusa a avançar com a Ciência, a Ciência avançará sozinha. (Allan Kardec)

54) Perguntaram a José Saramago, escritor português, prêmio Nobel de literatura e ateu: - Como podem homens sem Deus serem bons? Ele respondeu: - Como podem homens com Deus serem tão maus?

55) O cientista pesquisa até achar a verdade. O homem religioso quer que a verdade se adapte às suas idéias preconcebidas. O cientista muda de idéia conforme os fatos. O homem religioso tenta adaptar os fatos às suas idéias. (Anônimo)

56) Quando digo que não tenho religião, acham que sou imoral. É como se eu tivesse parte com o diabo. Agora quando você tem uma formação materialista e chega uma pessoa para você e diz: eu sou católico, acho que vou passar uma temporada no purgatório e depois vou para o céu. Você fala: tudo bem! Se você acha que é assim, tá bom! Então vem outro e diz: eu sou protestante, no meu ramo não se acredita que tem purgatório, quando eu morrer vou para o céu direto. Você fala: tá bom! Aí vem o outro e diz: olha, eu sou espírita, numa outra geração eu fui imperador numa ilha grega! E você olha e fala: tudo bem! Se você acha que foi imperador, tá bom! Se para você tá bom assim, tá bom! Aí perguntam: e você? Eu digo: não, não tenho formação, não sou religioso. Como não tem??? (Drauzio Varella, médico)

57) Todas as religiões, com seus deuses, semideuses, profetas, messias e santos, são resultado da fantasia e credulidade de homens que ainda não atingiram o total desenvolvimento e personalidade das suas capacidades intelectuais. (Mikhail Bakunin)

58) Façam aos outros o que gostariam que lhes fizessem. Não façam aos outros o que não gostariam que lhes fizessem. Vocês só precisam desta lei. É a base de todo o resto. (“Lei de ouro”, Confúcio, 500AC)

59) Não acredito em nada. Acredito na natureza: tudo começou não se sabe quando nem como. Eu bem que gostaria de acreditar em Deus. Mas não. Sou pessimista diante da vida e do homem. (Oscar Neimayer, arquiteto)

60) Não sei qual é a minha missão. O que me dá maior prazer é fazer o bem. Mas não faço para ganhar os céus, porque acho que acabamos quando morremos. Sou totalmente ateu, materialista e não tenho nada de místico. A vida é uma só. Mas temos uma imaginação tão deslumbrante que podemos imaginar o que quisermos. (Paulo Autran, ator)

61) Se eu quiser que alguém respeite meus pontos de vista sobre política, ciência ou arte, terei que conquistar esse respeito por meio da argumentação, da justificação, da eloqüência ou do conhecimento relevante. Terei que resistir a contra-argumentos. Mas se eu sustentar uma visão que é inerente à minha religião, os críticos respeitosamente sairão nas pontas dos pés ou então terão que enfrentar a indignação de boa parte da sociedade. Por que nós temos que respeitá-las pela simples razão de que elas são religiosas? (Richard Dawkins)

62) Somos construídos como máquinas de genes criadas para passar nossos genes adiante. Mas este aspecto será esquecido em três gerações. Entre nossos descendentes, talvez nossos netos possam guardar alguma semelhança conosco: talvez traços faciais, talento para a música, na cor dos olhos ou do cabelo. Mas , a cada geração que passa, a contribuição dos nossos genes fica reduzida à metade. Não demorará muito para atingir proporções desprezíveis. Nossos genes são imortais, porém a coleção particular de genes que constitui cada um de nós está condenada a sumir. (Richard Dawkins)

63) Sim, há um relojoeiro, mas ele é cego. Ele opera através da chance e do acaso (não confundir acaso com seleção natural), sem projeto ou projetista; pelo processo cego da seleção natural. (Richard Dawkins)

64) Acredito na origem da vida a partir de um fenômeno, puramente físico, que cientistas estimam ter ocorrido há cerca de 4 bilhões de anos. Desde então, as espécies evoluíram e chegamos ao homem. E, como ateu, não acredito na vida após a morte. (Sílio Boccanera, jornalista)

65) Afirmo que ambos somos ateus. Apenas acredito num deus a menos que você. Quando você entender por que rejeita todos os outros deuses possíveis, entenderá por que rejeito o seu. (Stephen Henry Roberts)

66) Se não há um deus, estamos corretos; se há um deus indiferente, não sofreremos; se há um deus justo, não temos nada a temer pelo uso honesto da racionalidade; mas, se há um deus injusto, temos muito a temer – assim como o cristão. (George Smith)

67) Se você pretende ser imortal, cuide bem daqueles que continuarão a carregar seu DNA, com carinho, amor e, principalmente, dedicação. Ninguém precisa ter medo da morte sabendo que seus genes serão imortais. Assim fica claro qual é um dos principais objetivos na vida: criar filhos sadios, educá-los antes que alguém os “eduque” e apoiá-los naquilo que for necessário. (Stephen Kanitz)

68) Verdadeiro é todo o juízo que está em conformidade com o real. Real é aquilo que independe de nós, que existe por si mesmo e que continuaria existindo mesmo se toda a vida fosse varrida do Universo. È algo completamente desvinculado de nossa vontade, de nossos sentidos, de nossas opiniões, de nossos objetivos, de nossos ideais – em suma, desvinculado do que somos. (André Díspore Cancian)

69) Se há um deus justo, este não nos puniria por acreditarmos honestamente num erro quando este não implica torpeza moral ou maldade. Se há um deus injusto que realmente se alegra incinerando pecadores e descrentes, então o que lhe daria mais alegria que dizer aos cristãos que serão salvos, apenas para depois tostá-los igualmente pela diversão – apenas porque lhe apraz? Se não há um deus, estamos corretos; se há um deus indiferente, não sofreremos; se há um deus justo, não temos nada a temer pelo uso honesto da racionalidade; mas, se há um deus injusto, temos muito a temer – assim como o cristão. (George H. Smith)

70) Pode ser verdade que agimos como escolhemos. Mas, podemos escolher? Não é a nossa escolha determinada por causas que nos escapam? (J. A. Froude)